terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Descrição de Raphaël (à parte)

Raphaël não é um personagem próprio das crônicas. É um personagem baseado nelas.

Sua única ligação com elas é quem o transforma. Como se lembram, quando Khayman vira um vampiro, ele acaba transformando vários nisso também.

Raphaël é descendente dos príncipes alemãs da época de Lutero, vem de uma grande família de homens importante. Tais como a realeza, e como seu avô, um pioneiro da industria alemã. Porém, quando a Primeira Guerra Mundial alastra a Alemanha, como várias outras famílias, eles perdem tudo. E seu pai é o único que sobrevive, pois seu tio morre em batalha, e seus avos por tristeza.

Então, seu pai sai do interior, se casa, e tem um filho que tinha morte certa: Raphaël. Porém, por um milagre, ele sobrevive à desnutrição que nascera. Vem daí seu nome: “Curado por Deus”. Anos se passam, e Raphaël cresce como qualquer outra criança. E seus pais têm mais duas filhas: Irma e Apolline. Elas viram o orgulho de Raphaël, junto com seus pais.

Quando então a Segunda Grande Guerra chega para atormentar a família de Raphaël, ele é forçado a se alistar, nem todos os contatos de seu pai o ajudam, mesmo ele sendo um grande advogado alemão. Em guerra, Raphaël por não ter tido um treinamento bom, ele acaba ferido rapidamente e fica maribondo a esperar a morte. Então, algo o tira do campo antes dele perceber. Ao acordar, estava em um celeiro, e vê quem seria o grande percussor de tudo. Sua face era egípcia, pelo que pode perceber Raphaël, eram sem expressão e era extremamente branco. Sua voz quase lhe cortava os ouvido, principalmente quando se aproximava. Ele não fazia questão de esconder sua natureza vampírica. (Sim, um dos antigos transformados por Khayman).

Raphaël se torna um vampiro, então. A primeira coisa que faz, é ir para casa ver sua tão amada família, porém percebe que Berlim estava devastada, tanto quanto Stalingrado, onde lutara tempos antes. Foi diretamente para casa, então percebeu que estavam arrombadas as portas, e ao entrar se deparou com a pior imagem possível: Suas irmãs mortas. Foram estupradas. E ao procurar seus pais, se deu conta que haviam sido mortos a tiros. A vida de Raphaël tomou um novo caminho a partir desse dia. Ele se tornara alguém frio, calculista. Não esperava mais nada de Deus, aliás, que Deus era esse que deixava monstros soltos? Eram animais os soldados que mataram suas irmãs, sim, animais, que tipo de animal estupra e mata a própria raça? Muitos pensamentos tristes e cruéis invadiram Raphaël, ele já não era o mesmo menino que andava por Berlim e que todos conheciam fazendo entregas e sendo mensageiro de seu pai. Raphaël se tornara aquilo que todo homem deveria ter medo: Um vampiro de verdade.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Journal d'Angelique du Coudray

13 de Maio de 1953


Raphaël aconselhou-me a escrever um diário, ele disse que talvez isso me ajudasse a esquecer todos os fantasmas que andam me perseguindo desde que eu acabei nascendo para escuridão.


Raphaël também me aconselhou a rezar. Ele diz que Deus é o único salvamento para os miseráveis.


15 de Junho de 1953


Hoje Raphaël me deixou sozinha trancada em sua casa. Ele disse que precisava resolver certas coisas. Eu acho que ele tem se encontrado com outro vampiro. Uma noite ele voltou com dois buracos em seu pescoço.


Eu também conheci alguém, ou quase isso... É de vista. Toda noite que saio para caçar eu o vejo vagando pelas ruas de Paris bêbado recitando versos de Shakespeare.

Seu nome é Lafaiete, nasceu aqui mesmo em Paris. Quando ainda era mortal eu o vi andando pelas ruas também, mas como era de dia não estava bêbado. Seu pai trabalhou muito tempo em casa. Ele tem quase 23 anos, e é loiro, igual a mim, seus cabelos são mais longos que o normal, e tem um corpo alto, se não fosse pela expressão de menino arteiro, seria muito parecido com Raphaël. Ele parece ser alguém muito interessante. Eu o vi algumas vezes apenas, mas já estou curiosa em relação a ele. De verdade.


22 de Junho de 1953


Hoje eu briguei com Raphaël. Ele diz que eu sou muito imprudente e inconseqüente, pois toda vez que mato, deixo bem claro que não foi nada humano. Deixo a mostra minha natureza imortal.

Realmente tenho dificuldade em matar, acabo sempre quebrando o pescoço de minhas vítimas antes de beber todo sangue. Uma vez eu quebrei a espinha inteira de um homem, Raphaël ficou extremamente bravo comigo. Tenho medo dele...

Ele também disse que não poderá mais ser visto comigo. Minha família deu por minha falta de modo inesperado, ele disse que talvez mate uma moça com a estrutura corporal parecida com a minha e deforme o rosto e deixe em algum lugar para enganá-los. Ele é um monstro.

Por minha causa também não poderá mais freqüentar a socialite, minhas primas andaram falando que ele fora a última pessoa que eu estive, e estavam procurando que nem gato e rato. Isso irrita muito Raphaël, ele gostava de freqüentar os bailes da burguesia.

Raphaël tem hábitos estranhos para matar. Eram sempre mulheres da vida; tanto prostitutas como mulheres da elite.
Ele nunca chegou a matar um homem, eu acho...

10 de Junho de 1953

Hoje Raphaël trouxe alguém para a casa. Chegaram falando alto, talvez eu ainda esteja sensível a imortalidade, eu ouço coisas que nunca imaginaria ouvir quando humana.

Eles falavam sobre uma mulher. Volúpia Giacomo - Não a identifiquei logo de cara quem ela era. Mais tarde, quando me coloquei para dormir acabei me lembrando que era uma grande madame da elite italiana, era muito conhecida por tocar violino maravilhosamente bem.

Quando voltei a prestar atenção na conversa novamente, descobri o nome daquele bebedor de sangue. Donato. Eles falaram durante muito tempo e nem ao menos prestaram atenção na minha presença, acho. Houve uma hora... Bem, nessa hora, Donato se levantou e acabou se sentando no colo de Raphaël, se beijaram e logo estavam trocando grandes quantidades de sangue.


15 de Junho de 1953


Briguei com Raphaël. Estava enganada, ele tinha me visto espionando.


17 de Junho de 1953


Raphaël estava mais calmo hoje. Então me explicou porque beijara Donato e porque gostava tanto dele.
Explicou também como os imortais encaravam relacionamentos uns com os outros. E como era tão diferente dos mortais. Ele usou uma analogia, acho. Nossos corpos são uma mera casca, o que importa é a alma que há dentro dessa casca. Quando viremos filhos da escuridão, aprendemos a valorizar aquilo que os mortais esquecem. Ele disse que com o passar do tempo... Os seres humanos esqueceram da beleza. E falou uma frase de Da Vinci.
“Tudo que é belo no homem morre, menos a Arte”


08 de Agosto de 1953

Hoje é o aniversário do meu pai, me mata saber que não posso estar com ele agora. Ainda estar preocupado comigo, sua caçula. Raphaël não chegou a deformar o corpo que disse que faria.

Na caça não consegui matar por tristeza.

Pela primeira vez Raphaël foi caloroso comigo, ele me abraçou e disse que tudo daria certo. Ele disse que no último ano da vida do pai dele ele não teve a chance de passar com ele seu aniversário também e isso o feriu muito.
Ele parece ser tão dócil, delicado... Simpático. Mas quer parecer uma coisa fria, sem escrúpulos. Por quê? Ele parece sentir dor. Quem sabe um dia eu descubra o por que.


23 de Agosto de 1953


Hoje enquanto Raphaël foi caçar, entrei em seu quarto. Ele tem um diário também, igual a esse que ando escrevendo. Mas o dele é desde que era mortal.
Eu fiquei com medo quando li. Era extremamente detalhado e ele falava sobre sonhos que ele tivera ultimamente. Um deles era sobre uma masmorra. Ele disse que era um castelo muito antigo, deformado e desproporcional. E eu estava na última masmorra, bem alta, como em um conto de fadas. Disse que havia vários vidrais como as de Notre-Dame iluminado as estreitas passagens de pedra. Quando ele veio me buscar, dei-lhe a mão e fomos descendo pelas escadas... Mas elas eram imensas e iam brincando nas paredes, havia vários degraus pequeninos e teve certa hora que eles acabaram, e nos dois caímos em abismo sem fim.

O outro sonho era quatro portais: Ele chegou a ver dois só, mas tinha certeza que eram quatro, alguém havia dito-lhe no sonho. O primeiro que ele fora era um portal que havia muita água para todos os lados, e nesse portal, você deveria mergulhar dentro dela para ver os corpos daqueles que haviam lhe feito mal. Então, tinha que tomar suas mãos, beijá-las e dizer que as perdoava.
O outro portal que ele chegara a ir era um de areia, havia montes de areia caindo sobre tudo e todos. Então, acordou.


01 de Setembro de 1953

Raphaël voltou hoje de uma viagem para o interior. Ele trouxe consigo alguns documentos de propriedades.
Ele comentou que havia ‘ganho’ de um idoso em um jogo de cartas em uma cidadezinha de Le Puy.


15 de Setembro de 1953

Raphaël decidiu ir para Londres de última hora e novamente me deixou aqui sozinha. Finalmente poderei conhecer Lafaiete.


Raphaël me proibiu de sair da cidade, e disse que caso eu saísse ele saberia e eu pagaria caro.


17 de Setembro de 1953


Hoje me encontrei com Lafaiete, ele sabia o que eu era e pediu para ser igual a mim.
Decidi que vou transformá-lo para assim poder fugir de Raphaël.

Lafaiete disse que o conhece, havia visto matar algumas prostituas pela cidade certa vez.


23 de Setembro de 1953


Transformei Lafaiete hoje.

Raphaël voltou hoje.




Nunca me arrependi tanto na minha vida, como estou arrependida disso.


25 de Setembro de 1953


Raphaël me mandou embora. Disse-me que era uma ingrata e não valia nada. Não entendi o porque de tanta irritação. Ele disse que eu havia sido imprudente.
Disse também que talvez minha cria não sobrevivesse, que eu havia feito o processo errado e agora ele só iria sofrer.

17 de Outubro de 1953


Fui embora.




Adeus Raphaël.

Até nunca mais.

domingo, 5 de agosto de 2007

A Dança dos Corpos Eternos.

Estava na hora da transformação. Angelique a esse ponto já deveria saber o que eu era e o que eu queria. Podia dizer que mil pensamentos passavam por minha cabeça agora. A noite mal havia começado e eu já pensava no que faria ou como faria. Andava pelas largas ruas da Cidade Luz, procurando uma caça. Queria estar bem alimentado para quando fosse trazer Angelique para escuridão.

A cidade estava úmida, quase gelada. Não me lembro exatamente em qual época do ano estávamos. Uma melodia me levava enquanto eu andava pelas ruas, a procura de minha vítima: Uma Prostituta. Caminhava em direção a um grande prostíbulo da cidadã, onde geralmente servia grandes políticos e homens importantes da sociedade. Ao entrar, fui recebido por duas gêmeas muito bonitas, mas não seria minhas vítimas essa noite. Elas retiraram meu sobretudo com cuidado uma de cada lado, e abafaram risinhos. Acariciei o rosto de uma e segui em frente para visualizar quem seriam minha dama da noite. Desde que fora transformado só matava mulheres, não me agradava muito à sensação de estar abraçado a um homem em plena rua sendo ela escura ou não.

Ao subir no segundo andar, lá estava ela: A mais cara do prostíbulo inteiro. Danielle, esse era o seu nome. Arquei a sobracelha antes de me aproximar e dei uma olhada em volta. Ela estava deitada em um divã datado do século XVII, com almofadas vermelhas e fofas, seu corpo quase se afundava por causa da maciez excessiva do almofadado. Caminhei até ela jogando as madeixas louras que caíam sobre meus olhos para atrás, e abri-lhe um sorriso cortês. Com o meu aproximar, ela se sentou e fixou o olhar bem nos meus olhos. Tomei sua mão, e a beijei com cuidado nas costas. Então, em silêncio ela me levou até seu quarto. Ela sorria maliciosamente, e em seus pensamentos várias cenas fortes predominavam. Caminhávamos devagar, ela com seu andar sensual na frente sobre os saltos altíssimos. Quando passamos pela porta dupla de seu quarto, ela me fez sentar sobre a cama. Ela logou se jogo por cima de mim, então com um movimento rápido fiz com que ela ficasse por baixo. Retirando as madeixas com cuidado de seu pescoço, enquanto ela estranhava minha súbita frieza.

- Estava sem casaco lá fora, monsieur?

Não respondi, apenas fixei o olhar em um ponto especial de seu pescoço e com calma mordi com certa brutalidade. Abafei seu berro com uma das mãos, e continuei a tomar todo seu sangue, sugando o mais rápido que podia, já tinha perdido demais meu tempo com ela. Antes de chegar na última gota, quebrei seu pescoço. Retirei-me do quarto arrumando a gravata e jogando algumas notas por cima da cama.

- Obrigado por seus serviços.


Sai do bordel, e fui para minha casa, Angelique já deveria ter acordado a aquela altura. Quando cheguei na casa, abri as portas com apenas um empurrão e subi para o seu quarto com certa rapidez que apenas um vampiro poderia ter. Ao chegar na porta de seu quarto, percebi que estava trancada, ah! Menina arteira, não poderia fugir de mim com tanta facilidade. Com alguns movimentos fiz que a porta se destrancasse e entrei no quarto: Ela estava em uma poltrona sentada, encolhida na posição fetal.

_Bonne Nuit, ma chèrie.

Disse, me colocando ao lado dela. Ela estava com medo e sentia até asco de mim, ou de qualquer contato que viéssemos ter.

_Vamos sair hoje à noite.

Ela me olhou como se fosse pular no meu pescoço e enfiar uma estaca em meu peito (besteira). Fui até o armário do quarto, e tirei um vestido que há muito estava lá, guardado. Era um vestido branco de cetim colado ao corpo com duas festinhas trançando seu abdômen da cor azul bebê. Joguei encima da cama, e disse que ela teria que se arrumar, caso eu voltasse ela estivesse ainda do jeito que estava, seria pior. Esperei alguns minutos do lado de fora, encostado na parede corredor, até que entrei no quarto, ela terminara de passar a última maquiagem no rosto. Aproximei-me dela e sorri.

- Você é tão bonita, Anjo.
- Quando estiver morta não serei mais.
- E quem disse? Quando morrer, será a perfeição.


Segurei-a pelo braço, e a levei para fora, disse que caso ela tentasse fugir estaria em uma grande enrascada. Fomos andando por Paris, até que estávamos perto da grande Torre Eifell, segurei sua mão, ela estava com medo do que eu pudesse fazer. Segurei seu rosto com as mãos, e dei um beijo na testa. Em vez de ela sorrir, ela pensava que eu estava cheirando a perfume barato de prostituta. Ela estava começando a me irritar, devo confessar. Como alguém podia ser tão imatura aquele ponto? Estava quase desistindo dela. Suspirei, e continuei a andar, estava começando a garoar. Segurei-a forte, em determinado momento, e a beijei no pescoço que nem fizera com a meretriz momentos antes. Ela, Danielle, só queria voltar para casa, da onde foi tirada quando ainda menina, queria voltar a sorrir, queria voltar a ser ingênua, a vida havia lhe tirado tudo, todos os sonhos, alegrias. Ela queria ter ido para casa apenas, esperava todos os dias aquele que a levasse para lá, não aqueles que prometiam e logo ia embora, ela chorará na sua morte, sim... A dor. Angelique nunca sofrera nenhuma dificuldade e nada do tipo. Ah, eu a traria para a escuridão e a ensinaria e depois seria livre.

_Está na hora.

Fomos para um local aonde não havia uma alma viva vagando, ela estava com medo e se debatia para se soltar. Segurei-a com mais força ainda, quase quebrando vários ossos de seu delicado corpo. Drenei todo seu sangue de uma vez só, não deixava nem que gritasse. Logo, ela estava caída em meus braços, cortei meu pulso e dei para que bebesse o mais rápido que pudesse, eu quase a perdi, era inexperiente em criação de outros imortais na época. Não sabia ao certo o exato porquê eu a criara, talvez fosse por vaidade, talvez por curiosidade.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Angelique du Coudray (Parte 1-C)


A Boneca de Porcelana

Caem das mãos com a singeleza do branco. Como se fossem cacos de porcelana e não palavras à espera de serem coladas. Quando alguma se perde no tempo, dá logo a mão ao brinquedo mais próximo e sussurra: "Não tenhas medo, juntos seremos para sempre crianças".



Acordei à tarde não sei ao certo que horas eram. Minha cabeça estava doendo, não vestia mais meu vestido, estava com uma camisola de seda branco fusca. O quarto era pequeno e estreito, a cama era comprida e dura, tinha uma grande colcha azul turquesa.
Quem era ele? Por que ele me raptara? O que aconteceu? Ah, como minha cabeça doía, eu estava deitada ainda na cama com os olhos abertos, que também doíam, será que ele drogou? Não, não pode ser possível, ele não me deu nada para beber. Isso me incomodará muito.
De repente duas meninas, loiras, olhos azuis, com rosto de criança entraram no quarto, estavam caladas, e olhavam para mim, uma com desprezo, e outra com doçura, a que me olhava com amargura veio a mim e disse que precisava tomar banho, e ela o iria me dar, senti um medo, mais me deixei levar. Enquanto a outra menina, começou a arrumar a cama.
Fomos por longo corredor, suas paredes eram cobertas por armas de guerra medievais, espadas, facões, Raphaël era obcecado por guerras, só podia ser isso. Não entendia por que.

- Nunca vi o Senhor trazer ninguém aqui – falou ela amargamente.
- Creio eu ser a primeira então.- Respondi.
- Foi isso que disse, caso não tenha entendido.


Parei, e a encarei, e sem pensar, virei um tapa em sua face, que fico vermelha de imediato. Como era ousada essa menina, podia ser linda, mais não tinha esse direito.
Então ficamos ambas em silêncio, ela entendeu que ali eu era superior a ela.
Seguimos ate o final do corredor, que levava a uma porta escura e grande de carvalho. Sem duvida, era monstruoso o tamanho daquela porta, não apenas daquela, mais sim de todas da casa. Entramos por ela, em um banheiro, era imensamente grande, havia venezianas abertas, estava fresco lá dentro, no meio desse banheiro, uma banheira, com varias pétalas de rosas vermelhas sobre as águas, lá dentro estava cheirando a mel, rosas... É claro e menta. Uma mistura interessante, mas muito agradável.
A menina amarga, que mais tarde descobri que se chamava Monique, tirou minhas roupas bruscamente e mandou-me entrar na banheira, foi o que fiz, a água estava quente, fervente para ser mais exata, ela me acariciou cuidadosamente, apesar de seu comportamento passado, e despejou mel em mim, continuou a me esfregar com ele, minha pele, ficou muito sedosa, e cheirosa, a água aromatizada deixou uma combinação de aromas que não havia visto, ou cheirado, era melhor que qualquer perfume. Depois de uma meia hora, sai da banheira, e me deparei com uma janela, estava escuro já, Monique saiu imediatamente do bainheiro, e me deixou lá, sozinha, pelo menos era o que eu havia pensado. Sentei-me no divã que havia lá, e comecei a me secar, então virei minha cabeça delicadamente para ver minhas costas, e me deparei com Raphaël. Dei um salto de medo, e ele logo disse rindo:

- Se acalme, honig..
- Calma??
- disse eu histérica -.
Pervertido, eu estou nua, sai já daqui!
- Mas porquê? Você fica tão bem nua.


Eu apenas me levantei, olhei para ele, e dei um tapa em sua face. Minha mão estava começando a doer com tantos tapas. Ele não fez nada, só soltou uma gargalhada imensa em minha direção.
Não pareceu sentir dor, e nem ficara irritado. Ele de deu passou a frente, e apertou meu ombro. Ele estava me machucando, doía, doía muito. Sem que perceber se ele saltou para frente, e segurou meus braços, agarrou meu pescoço, com a sua língua gelada, lambeu-o delicadamente, e então, fincou suas pressas nele, e foi o suficiente para que eu ficasse desacordada. Só sei que naquele momento eu apaguei. Eu acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça. Estava no mesmo quarto no qual eu havia acordado no dia passado, as janelas estavam abertas, estava muito calor, não consegui ficar de baixo da colcha, levantei-me e fui direto ao espelho que tinha no frente da cama, tirei meu cabelo da frente do pescoço e prendi-o, olhei bem para onde o Raphaël havia fincado suas presas, estava sem marca alguma, ele era um bebedor de sangue? Bem, era o que parecia. Um vampiro... Mas, eles não existem.... O que ele queria comigo? Uma presa? Uma boneca? Era uma desventura: viver para sempre.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Angelique du Coudray ( Parte 2-B)

Angelique era uma menina linda, sem dúvidas. Mas era extremamente arrogante e negligente. Uma coisa que nunca evoluiu desde aqueles tempos é esta: “Todo jovem acha que a sua vida é o primeiro capítulo da existência da humanidade”. Angelique acreditava fielmente nisso, que nada no mundo tinha importância e apenas ela poderia mudá-lo. Era muito convencida de si mesmo, mas, tinha certeza que poderia mudá-la. Angelique era linda e inteligente o suficiente para entender a lição que eu queria dar-lhe. Ela estava eufórica e com medo de mim, era de se esperar. Não sou tão normal quanto os seres que a rodeavam. Bem, sou um bebedor de sangue. Vivo da vida dos que ela ama: os mortais. O que ela queria? Ela sentia medo de mim, podia farejar isso. Podia farejar seu sangue, seu perfume...
Angelique era diferente de Demétria e Wone, completamente. Não sabia quase nada sobre a vida, e tinha medo de conhecê-la.
Olhava para ela sem medo, normalmente todos baixavam as cabeças para ela. E ela estava errada se achava que isso iria acontecer novamente, não era como aqueles que não conseguiam ler seus olhos ou seus pensamentos.
Exigiria obediência dela, respeito. Seria seu Senhor realmente. Queria uma cria, uma das minhas maiores frustrações agora olhando, é que nunca pude ter um filho. Acredito que isso é uma dor para todo homem, não ter filhos. Poderia ter me casado com Wone, e teríamos lindas crianças loiras que correriam pelas ruas.
Pensando agora, o que teria acontecido com ela naquela época? Ainda era uma freira pervertida? Não faço idéia, nunca voltei a me lembrar dela. Estava entretido demais com Angelique para se quer me lembrar dela. Talvez ela tivesse morrido naquele ataque russo, quem sabe, não seria seu sonho? Morrer em pleno gozo.
Sei que minhas palavras parecem de rancor, e são... Wone foi uma ferida difícil de cicatrizar, seu medo de ficar comigo. Bem, agora mostra como ambas as nossas vidas foram desgraçadas. Ela de qualquer modo está morta agora, e eu... Eu também.
Angelique parecia mais fragilizada a cada palavra que pronunciávamos naquela impecável biblioteca. Tinha começado a ter medo do que eu podia fazer com ela, era um fato.
Lá fora a noite começara a trovoar, e caiam gotas bem pesadas pelo telhado da casa. Seria um final de noite interessante, quem sabe.
Quando pronunciei minha última frase a ela, fiz que apagasse.
Levei para os aposentos onde ficaria até que eu voltasse na noite seguinte, estava quase amanhecendo. E se não fosse embora agora, não iria mais. E simplesmente não queira passar o dia pela casa adormecido.
Então, a deixei naquele quarto escuro e vazio.
Antes de sair, dei ordens para que quando acordasse se lavasse, comesse e esperasse até que eu chegar. Podia conhecer a casa e seus jardins. Mas não poderia deixá-la de modo algum. Estava certificado disso, aquela casa poderia ser uma fortaleza caso quisesse. Então, dormi em um cemitério, qual ficava perto de minha casa.

Angelique du Coudray ( Parte 1-B)




- Não se lembra quem eu sou, não é mesmo?

A voz desse homem me soou tão estranha a partir do momento que entramos nessa biblioteca, me irritava o tom que ele falava e modo que ele agia, sempre silencioso. Ele andava de modo gracioso e parecia levitar a cada passo, seu sorriso era sempre malicioso, ele parecia ser tão... Vazio e ao mesmo tempo cheio de mistérios.

- Angelique? Lembra-se de mim?
- Não, acho que nem deveria. Minha memória é boa, Ra...Raphaël.
- Me chame de Senhor, Angelique. Sou bem mais velho que você.
- Não aparece tão mais velho, senhor
– minha voz soou com um tom de sarcasmo.

Ele me encarou, então, sorrio novamente. Observava cada movimento seu, era rápido demais todos. A biblioteca onde estávamos tinha as paredes todas lotadas de prateleiras com coleções de livros e objetos de que ao meu ver pareciam de alto valor. Pelo chão, vários tapetes persas e sobre eles cadeiras no estilo Luís XIV. Então, caminhei até uma e me sentei naquele estofado deliciosamente macio.

- Angelique – ele abafou uma risada e arqueio a sobrancelha. –,
não se lembra mesmo de mim?

Olhei para ele, estava começando a ficar irritada, por que diabos ele não entendia que eu não me lembrava dele?

- Não, Raphaël.

Quando pronunciei seu nome, sinto uma mão no meu pescoço apertando-o com pressão, quase não conseguia respirar.

-
Senhor, Angelique. Quando querem aprender da maneira mais difícil comigo, sempre sofrem.

Como ele conseguiu ficar atrás de mim com tanta rapidez, há segundos ele estava na minha frente apoiado nas prateleiras, como?

- Si...Si...Sim... – eu garfei seus dedos com minhas unhas até que sangrassem para que largasse do meu pescoço, mas ele apenas ria. – Senhor...

Ela me largou e deu uma sonora gargalhada metálica, ele me dava medo. Fiquei a olhar assustada para suas mãos enquanto o sangramento parou de expelir sangue.

-
Que tipo de monstro é você? O que quer comigo? Porque deveria me lembrar de você?
- Sim, sou um monstro... Mas, ao mesmo tempo, sou seu anjo, Angelique, não queria sair daquela casa? Então, sou seu anjo da morte, por assim dizer
– ele rio. -.
Vou responder sua última pergunta. Você pediu para se casar comigo quando era mais nova, não se lembra? Tinha apenas oito anos de idade, era uma menina linda.

Ele pareceu refletir sobre isso, estava me dando medo... Porque eu não me lembrava? Porque?

- Então, eu voltei para transformá-la em minha dama.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Angelique du Coudray (parte 2)

Agora, retrato a visão do Raphaël da situação. Será assim esse capitulo, primeiro Angelique, depois Raphaël.

Quando finalmente deixei Berlim, rumei para Paris. A França apesar de destruída, estava alegre comemorando a vitória. A cidade em si não fora destruída como o resto do país, hoje em dia alguns historiadores chamam isso de uma vaidade de Hitler, e talvez fosse mesmo. Não importava, lá seria meu novo lar.
Gostaria que entendessem uma coisa, não nutro raiva por franceses ou por russos muito menos americanos – apesar de não gostar muito do tipo arrogantes -, não vejo diferenças entre povos ou nações, e caso visse seria que nem os nazistas, não seria? O que os americanos fazem hoje impondo sua superioridade? É engraçado pensar isso, eles fazem o mesmo de forma indireta, acho ridículo eles recriminarem Hitler e os alemães por terem tido coragem de defender o que acreditavam, ao contrário deles que ficam por baixo dos panos. Eles usaram cidades como cobaia para bombas, isso é saudável? Não estou falando que estávamos certo, porque realmente eu não acredito nisso. Nada vale uma vida. Mas também me irrita o que esse país de merda fez, e como golpe acabou fazendo Jerusalém. Bem, não estou aqui para discutir história de guerra, ou criticar o Tio Sam. Como ia dizendo, uma nacionalidade, cidadania não faz o homem. Ele trilha seu caminho por si mesmo. Tenho raiva dos soldados daquele batalhão que matou minha família, isso sim. Mas como ter ódio de uma criança que nem estava viva quando todo aquele martírio aconteceu? Ou um homem que viveu há 200 anos atrás? Não tem lógica, não é?
Quando me destinei a ir para Paris, não tinha noção do que esperar, estava desiludido com o mundo dos homens. Comprei uma grande propriedade no centro da cidade, os vampiros têm um poder de persuasão incrível, consegui comprar essa mansão em pleno centro por quase nada. Devo confessar que usei muitas e muitas vezes esse dom que ganhei.
A minha vida nas primeiras noites foram bem agitadas, de fato. Em pouco tempo fazia parte da sociedade, e ninguém me odiava por ser alemão, o que era um bom começo. Mas não gosto de mentiras, mas naqueles tempos era necessário. Meu pai havia me enviado para estudar em lugar bem distante, e quando voltei minha família havia sido morta, e essa era a minha história. Ninguém podia condenar um estudante, podia?
Então, quando uma família bem influente na cidade acabou por me convidar para uma festa, e eu aceitei.
A festa tinha todos do socialite... Empresários novos, velhos. Grandes famílias, nobres. As mocinhas que andavam para cá e para lá me rodeado, observavam meus gestos, meu corpo, meu rosto. O que realmente estava começando a me irritar... Nunca gostei de muitas pessoas encima de mim. Eram realmente meninas lindas, até que me sentei para conversar com uma...
Conversamos sobre banalidades, e de como ela esperava se casar e ter filhos um dia. Era uma menina bem novinha, devia ter oito anos, acho. Era loira e tinha um sorriso encantador, as mãos eram pequeninhas e tentaram segurar as minhas. Ela me olhou com aqueles olhos imensos e pediu que quando ela crescesse para que eu me casasse com ela. Sorri, e disse que quando ela crescesse, eu voltaria. Bem, e eu não estava mentido.
Uns anos mais para frente, acabei reencontrando-a em uma festa, estava sozinha na frente da fonte do salão, remoendo dentro de si como era diferente de suas irmãs e como se sentia mal por isso, apesar de não admitir. Era orgulhosa demais para isso. Nem percebeu minha aproximação, estava tão presa em seus sentimentos sombrios que acabou ficando distraída.
- Meu nome é Raphaël, reparei em você sozinha aqui. Você está bem, honig?
Talvez ela fosse me fuzilar a qualquer momento, era muito amargurada. Ela tinha uma mente muito aberta, era fácil de ler.
- Você acha mesmo meu olhar sedutor? Sua face demonstrava medo e logo voltou a ficar séria.- Como sabe que acho seu olhar sedutor?-
Eu? Eu leio pensamentos minha querida – Apenas sorria para ela – Estou brincando, a maioria das pessoas acham isso, apenas concluí que você também pensasse assim.
- Me ofendi ouvir que o senhor me acha como a maioria das pessoas, mas se o senhor me acha como a “maioria das pessoas” vá conversa com as pessoas lá dentro, as quais vivem de aparência, talvez não tenho cérebro o suficiente para perceber a profundidade de suas palavras, meu caro. Deixei-me em paz com meus temores e meus pensamentos melancólicos.
Ela era muito... Estou tentando procurar a palavra certa ainda, rabugenta. Era uma pessoa difícil para conversar, e de fato, ninguém gostava de chegar perto dela.
- Desculpe se a ofendi, honig, não era minha intenção – esperei alguns segundos -, mais por que tem temores e pensamentos melancólicos?
- Isso não vêem ao caso, creio eu, que o senhor não está aqui para isso, não é? O que deseja?
- A festa está relativamente cansativa – um sorriso travesso surgiu em minha face -; estava atrás de uma companhia mais interessante, além de tudo aquelas mulheres vulgares estavam me irritando – apontei para cinco mulheres que estavam na porta nos fitando com curiosidade – A senhorita as conhece?
E é claro que conhecia, e também as odiava.
- Infelizmente – respondeu -, são minhas primas e minhas irmãs.
- Desculpe, não quis ofender - lhe.
- Não ofendeu, também não as suporto. Tenho asco por cada uma. Quando estou com elas, é como se me sentisse sozinha, ninguém está lá, são apenas corpos.
- É claro. – concordei não querendo persistir nesse assunto.
Agora ela divagava, e pensava sobre a família dela. De como se sentia superior a todas aquelas meninas na porta.
- O que lhe disseram? ‘Que o senhor é belo, e tem um belo porte?’
- Isso, e perguntaram de que família eu vinha, mais acho que isso não vem ao caso.... Importa-se se eu as provocar?
Ela não entendeu do que eu falava, até que poucos segundos depois eu a beijei como ela nunca havia sonhado. Ela não se lembrava de quem eu era, e qual fora o seu pedido há 6 anos atrás, mas logo a faria se lembrar.
Então decidi sair daquela festa, estava me deixando constrangido tantas pessoas me olharem, nunca gostei desse assédio todo. Rumamos para minha casa, ela ficara encantada com tudo nela. Era de se esperar, a casa era magnífica mesmo...

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Angelique du Coudray ( Parte 1)

A história do Raphaël surgiu desse texto, foi a primeira visão que tive da história, há quase três anos.
Essa é a primeira parte que irei postar correspondente a Angelique. A próxima que será continuação, será a visão do Raphaël de como tudo isso apontado no texto aconteceu.




A festa continuava do lado de dentro – na qual não fiquei nem cinco minutos -. O jardim onde estava , havia vigas de bronze fundido, com cerca de quatro metros de altura, elas seguravam toras fundidas de bronze também. Pelas vigas cresciam varias primaveras nas tonalidades rosa e vermelha, mas uma delas era diferente, ela ficava bem na viga central, ela crescia contornando-a, formando um caracol, ela era grossa, e larga, sua folhagem era em um tom de verde musgo, uma cor bem apagada, mais o que mais chamava atenção nela, não era seu esplendoroso tamanho, e sim suas flores, era brancas perola, quase transparente, a na luz do luar pareciam cintilantes. O chão daquele local era de mármore preto. E envolta daquele local com piso, era cercado com grades de bronze trabalhado, todos em arcos góticos. As venezianas iam do chão, ao teto, no estilo francês, mais isso era obvio, pois aquele prédio era do começo dos tempos de Revolução Francesa, só tinha passado por um restaura mento e uma reforma, seus vidros eram todos talhados com arcos góticos também, aonde se encontrava os detalhes era mais fusco do que o resto. Envolta tinha grandes arvores verdes, a Primavera era muito generosa naquele ambiente. Entre as arvores, havia uma fonte redonda, na qual o chafariz sai do centro da bacia, a água jorrava rapidamente para cima, e caia suavemente no restante da baixa bacia, nela havia carpas douradas e alaranjadas, um tom meio que metálico, que de longe via os reflexos delas nas pedras através da água. Eram gordas e bem alimentadas. No meio do piso, havia um grande e confortável sofá e uma poltrona grande também, de bronze trabalhado (combinando com o resto do ambiente). Suas almofadas feitas sobre medida, eram pretas com finas e delicadas listras brancas cintilantes. Entre o sofá e a poltrona, que estavam em posição de L, havia grandes vasos com plantas e magníficas folhas verdes esmeralda, eram grandes e largas.
Aquele jardim coberto era muito bonito. Se sentasse naquele sofá, poderia ver claramente a lua, mais não era bem o caso desta noite em questão, pois o céu estava acinzentado, as nuvens eram grandes, tampavam todas as estrelas, apesar da lua, continuar com seu majestoso brilho. As nuvens podiam ser densas, mais elas não conseguiram tampa-la.
Estava de pé do lado da fonte, olhando para as carpas, estavam assustadas comigo, nadavam para longe do meu olhar, tinham medo de mim. Um vento frio era constante sempre levantando meu vestido, pois ele era marcado nos seios, e solto ao resto do corpo, era em um tom de vinho, puxado para tom de sangue. Ele deixara meus ombros e minhas costas nuas.Seu corte era muito bem feito, era de seda chinesa. Meus pés estavam congelando minha sandália preta era muito aperta, e seu salto me cansara.
De repente uma mão pousou em meu ombro, creio que fiquei parada durante cinco minutos, sem nenhuma reação, longo, puis minha mão sobre a que estava em meu ombro, e me virei gentilmente, apesar de uma onda de medo me percorrerá o corpo com o feito. Sua face era branca como o mais puro mármore, as maças em seu rosto era retas, quase sem movimento, sua testa estava palpitando, o que mais me assustava era seus olhos azuis e profundos, o arco de sua boca era redondo, muito bem feito. Seu cabelo era loiro e liso, estava penteado para trás. Seu rosto era angelical.
Sua roupa era simples, era uma calça social, e uma blusa de seda branca, desabotoada ate o terceiro botão, por cima um colete com belos cortes, de cor preta.
Ele abriu os lábios com delicadeza, e logo disse:

- Meu nome é Raphaël, reparei em você sozinha aqui – seus olhos me olhavam de uma forma sedutora, a qual me enlouquecia -, Você está bem, honig?

Meu olhar era de indiferença, o qual era normal, mais ele continuava com aquele olhar sedutor, deste aquele no inicio. E logo recomeçou a falar.

- Você acha mesmo meu olhar sedutor?

Como podia ser, ele adivinhar meus pensamentos!

-
Como sabe que acho seu olhar sedutor?
- Eu? Eu leio pensamentos minha querida
– sua face era nítida, estava com sorriso ingênuo, como de uma criança –
Estou brincando, a maioria das pessoas acham isso, apenas concluí que você também pensasse assim.
- Me ofendi ouvir que o senhor me acha como a maioria das pessoas
– Seu sorriso desapareceu, como se estivesse com repensando no que dizia, e recomecei -, mas se o senhor me acha como a “maioria das pessoas” vá conversa com as pessoas lá dentro, as quais vivem de aparência, talvez não tenho cérebro o suficiente para perceber a profundidade de suas palavras, meu caro – dei uma pausa, e retornei a falar -. Deixei-me em paz com meus temores e meus pensamentos melancólicos.

Ele me fitou por alguns minutos, sua face inexpressiva. Disse devagar, com um sorriso zombeirão, em um tom alegre:
- Desculpe se a ofendi, honig, não era minha intenção – esperou alguns segundos -,
mais por que tem temores e pensamentos melancólicos?
- Isso não vêem ao caso, creio eu, que o senhor não está aqui para isso, não é?
– disse eu com um tom de indiferença -
O que deseja?
- A festa está relativamente cansativa –
um sorriso travesso surgiu em sua face -; estava atrás de uma companhia mais interessante, além de tudo aquelas mulheres vulgares estavam me irritando – apontou para cinco mulheres que estavam na porta nos fitando com curiosidade –
A senhorita as conhece?
- Infelizmente – respondi -,
são minha primas e minhas irmãs.
- Desculpe
– sua face corou, delicadamente; não ficou vermelho, apenas um tom de rosa perolado -,
não quis ofender - lhe.
-
Não ofendeu, também não as suporto. Tenho asco por cada uma. Quando estou com elas, é como se me sentisse sozinha, ninguém está lá, são apenas corpos.
- É claro.
– concordou ele.

Todas elas eram morenas, cabelos lisos nas raízes, e encaracolados nas pontas, tinham profundos olhos azuis, eram bonitas, seus rostos eram redondos, seus corpos eram altos, e magros, seus seios eram fartos, e tinham curvas bem definidas. Enquanto eu, era baixa perto delas, meu cabelo era encaracolados das raízes a ponta, que batia no meio das costas, e era loiro, meu olho era uma outra variação do azul, ele era puxado para o violenta, e às vezes para o cinza, tinha seios fartos também, e curvas bem definidas, era quase igual a elas, a única coisa fisicamente que nos diferia era meus cabelos com cachos loiros pequenos e bem feitos, e meus olhos, que todos achavam os mais belos; mais é claro que nenhuma delas aceitava isso. Graças a Deus, nossas cabeças eram totalmente diferentes, elas eram fúteis e burras (desculpem a palavras, mas é a melhor para defini-las), viviam atrás de um homem com porte, belo, rico para se casar. Reprimiam-me por que eu estudava, passava horas com a cara nos livros, estudava de noite e de dia. Costumavam dizer que eu nunca casaria desse jeito, que burra era eu, que não ia atrás de homens para casar, para ter uma vida boa, ter filhos. Quando diziam isso, costumava rir delas, isso as enfurecia, não me importava. Era a mais nova da família, tinha apenas catorze anos, elas todas já estavam com dezenove e vinte anos,e se achavam velhas, e com rugas. Em noites que meus livros não me satisfaziam costumava ouvir-las conversando por trás da porta para dar risada, isso era um bom passatempo. Mas evitava ao máximo contato com aquelas futilidades que se diziam humanas. Apenas não as suportavam.
Esperei cinco minutos, antes de recomeçar:

-
O que lhe disseram? ‘Que o senhor é belo, e tem um belo porte?’
- Isso, e perguntaram de que família eu vinha, mais acho que isso não vem ao caso.... Se importa se eu as provocar?


Não entendi as suas palavras mais antes que pudesse entendê-las, ele passou um dos braços em volta de minha cintura, e outro envolto de meu pescoço, de uma forma brutal, me juntou a ele, meus seios encostaram nele, ele era mais alto que eu, era gelado com um defunto, sem duvida nenhuma, era muito gelado, também era duro, nunca havia visto alguém assim, de alguma maneira isso me espetava, seu corpo era forte e elegante, aparentava ter vinte anos, sua face era jovem, sua testa era lisa, sem duvida era muito jovem. Seus braços eram finos e grandes.
Ele se inclinara para frente com os olhos fechados, e me beijou, primeiro apenas pousou os lábios sobre meus lábios, e logo depois, colocou sua língua delicadamente em minha boca, apesar de seus movimentos serem bruscos e vagarosamente rápidos. Ele parou quando percebeu que eu estava com medo, e sussurrou em meu ouvido, “Sem medo” , e a mordeu delicadamente, isso me fez soltar um suspiro longo e profundo. Desceu beijando meu pescoço.Voltou a beijar minha boca, lentamente, passando a língua entre meus lábios, ela era incrivelmente gelada também, ele parecia uma serpente colocando sua língua na minha boca. Suas mãos acariciavam minhas costas levemente minhas coxas, ele parará de beijar minha boca e punha-se a beijar meu pescoço, meus ombros, e logo voltara a beijar meus lábios, certa hora, ele me mordera com seu canino, isso me fizera sangrar, ele lambeu o ferimento e o pouco de sangue que restará entrava em minha boca, talvez isso lhe desse prazer, pois no momento que fez isso ele retornara a me beijar a boca com sua língua gelada. Seus beijos eram profundos, e deliciosos, eles transmitiam um fogo forte e saboroso. Isso durou por volta de quinze minutos, quando paramos de nós beijar, os dois olharmos para a veneziana aberta, e vimos, cada uma das cinco olhando para nós com uma cara de espanto. De fato, até eu fiquei espantada, tenho que admitir que fiquei muito surpresa com ele, mais sentia certo triunfo por te-lo beijado, ter estado com alguém que aquelas vagabundas não ficaram. Isso me deixa radiante.
Ele agarrou minha mão, e passamos por elas,do jardim onde estávamos.Passamos por elas correndo, quanto isso, ele apenas falava, ‘ Vamos sair daqui, ninguém me agrada, são todos mexeriqueiros, vamos dar uma volta por Paris, honig...’, eu apenas o seguia, também não suportava ficar lá, com aqueles seres. Os homens jovens só tentavam me agarrar, os velhos me olhavam com se eu fosse um suculento pedaço de carne fresca, as mulheres apenas fofocaram sobre mim, e minha mãe e minhas tias tentavam decidir um futuro para a caçula da família. Como tudo aquilo me irritavam.
Logo saímos do Salão onde a festa ocorrerá, estávamos pela rua, andas em direção ao centro da cidade.
-
Raphaël, onde estamos indo?
- Para qualquer lugar
– disse ele, com um sorriso travesso no rosto, como era belo –
Qual é o seu nome? Ainda não me disse!
- Meu nome? Meu nome é Angelique, minha avó chamava-se assim.
- Angelique, belo nome. Aonde quer ir Angelique?
- Não faço a mínima idéia, que tal irmos para o Louvre?
- Não, por quer ir ao museu?
- Não sei, você mandou eu escolher um lugar, foi o primeiro que me veio na cabeça!


Ele apenas riu, e seguiu em frente, passamos por um grande cemitério, logo estávamos na frente de uma grande casa, e ele começou a falar:
- Está é minha casa.

Ela era um grande, antes de chegar em sua porta, tinha uma grande escada, ela era de mármore cinza, era um tom bem escuro. Entre o começo dela, e o final, havia muitas arvores grandes, com cerca de metros de alturas, tampavam o céu totalmente.No topo da escada, se deparava com uma porta com dois metros e meio de altura, era de madeira, não tenho certeza se era de carvalho ou não. Em cada lado dela, tinha grandes vigas de pedra, também em tom escuros de cinza, por ela cresciam pequenas plantas, trepadeiras, presumo, casa era inteira de pedra, em um estilo medieval,tinha um aspecto de abandono, ela era muito sombria. As janelas eram também venezianas com as do salão. Por elas podíamos ver que havia velas acessas do lado de dentro. Apesar de uma grande cortina de renda preta cobri-las.
Nós entramos no hall, era muito grande e vazio, havia apenas um piano de calda preto, com pouquíssimos detalhes em prata, não havia quadros, apenas grandes arcos de pedra, casa parecia um castelo medieval, sem duvida nenhuma.
Logo atrás do piano, uma parede aberta, dando para outra sala, mais essa por sua vez, era maior, com uma mesa de jantar longa e larga. Suas cadeiras eram de veludo vermelho. A sala também era em pedra, nelas havia grandes tapetes com imagens de Botticelli.
Passamos do lado esquerdo da mesa, e entramos por outra parede aberta, em uma sala menor, havia uma mesa pequena e larga, estava virada para o resto da sala, atrás dela, uma estante que dava para o resto da sala inteira, contornava as paredes. Ela ia do chão ao teto, que era muito alta, cerca de quatro metros. Então, começamos a conversar.

domingo, 15 de julho de 2007

A Transformação. (continuação)




Whatever it is you are feeling is a perfect reflection of what is in the process of becoming.


Eu perdi a noção do tempo nos primeiros tempos da minha transformação. Precisava ver desesperadamente meus pais e minhas irmãs.
Cheguei em Berlim em pouco tempo, para ser exato em algumas noites, acho... Estava com medo caso eles percebessem o que tinha acontecido comigo. Mas o medo era mínimo comparado com a minha vontade de vê-los que me consumia.
Mas quando entrei na cidade, algo estava diferente. Ela havia sido devastada pelo exército Russo.
Passava pelas ruas, e só via destruição. De certo modo, não consegui guardar nada na memória, estava muito preocupado para saber o que aconteceria com a minha família.
Quando cheguei lá, as portas arrombadas, vidros quebrados. Temia pelo que estava por vir.

Então, quando entrei dentro de casa. Vi as duas, minhas duas pequenas jogadas no chão... Com os vestidinhos rasgados, quase em trapos... Haviam sido violentadas por soldados. O meu consolo foi que não foram apenas elas que sofreram isso, todas as mulheres da cidade haviam passado por isso, apesar de desprezível o meu pensamento, foi a isso que me apeguei.
E meus pais? Sim, foram mortos também, só que não tão brutalmente como minhas adoráveis irmãs, foram mortos a tiros. Bem, foi melhor do que serem violentados até a morte, não acha?
Bem, é algo indiscutível agora.
Troquei suas roupas com cuidado, observando cada marquinha no corpo de minhas irmãs e levei-os para fora, e os enterrei no jardim de casa. Devo confessar que me senti humilhado ao fazer isso, e o que me deixou bem acabado com o constrangimento da situação.
Depois daquela noite, ouvi dizer que Hitler havia se suicidado, mas isso não refletiu em nada em mim, não tinha importância. Como poderia deixar-me abalar com aquilo, minha mãe havia sido morta! Minhas irmãs... Então, recolhi minhas coisas, e sai de Berlim, e pretendia nunca mais voltar.


Como Deus pode justificar o sofrimento de uma criança?

domingo, 8 de julho de 2007

O Ateu é Deus.






Deus não existe (...) A salvação de todos consiste agora em provar essa ideia a toda a gente, percebes? Quem é que há-de prová-la? Eu! Não entendo como é que até agora um ateu podia saber que Deus não existe e não se suicidava logo. Reconhecer que Deus não existe e não reconhecer ao mesmo tempo que o próprio se tornou deus é um absurdo, pois de outra maneira suicidar-se-ia inevitavelmente. Se tu o reconheces, és um rei e não te matarás, mas viverás na maior glória. Mas só o primeiro a perceber isso é que deve inevitavelmente matar-se, senão o que é que principiaria e provaria?


Sou eu que me vou suicidar para iniciar e para provar. Ainda só sou deus sem querer e sofro porque tenho o DEVER de proclamar a minha própria vontade. Todos são infelizes porque todos têm medo de afirmar a sua vontade. Se o homem até hoje tem sido tão infeliz e tão pobre, é precisamente porque tem tido medo de afirmar o ponto capital da sua vontade, recorrendo a ela às escondidas como um jovem estudante.



Eu sou profundamente infeliz porque tenho medo profundamente. O medo é a maldição do homem... Mas hei-de proclamar a minha vontade, tenho o dever de crer que não creio. E serei salvo. Só isto salvará todos os homens e há-de transformá-los fisicamente, na geração seguinte; porque, no seu estado físico actual (reflecti nisso muito tempo), o homem não pode, de modo algum, passar sem o seu velho Deus.


Durante três anos procurei o atributo da minha divindade e achei-o: o atributo da minha divindade é a minha vontade, é o livre arbítrio. É com isso que posso manifestar sobre o ponto capital a minha insubmissão e a minha terrível liberdade nova. Porque é terrível! Mato-me para afirmar a minha insubmissão e a minha terrível liberdade nova.





Fiodor Dostoievski, in 'Os Possessos' (discurso do personagem Kirilov)

sábado, 7 de julho de 2007

A Transformação.



1938: é nesse ano no qual eu me encontro.

Wone havia trazido muitos problemas, e seu pai queria deserdar-la. Chegou a vir bater na porta de casa obrigando-me a me casar com sua linda filha desonrada. Como éramos ambos maior de idade, ela era completamente responsável por seus atos... Não devo falar que isso o deixou completamente irado em sua raiva. Wone foi enviada a um convento, aonde realmente se perverteu, saia escondida a noite para fazer o que uma freira normalmente não faria.
Cheguei a vê-la algumas vezes pelas ruas, mas, ela nunca me viu – ou nunca quis ver, não sei. Eu gostava dela, mas com o tempo ela se tornou enjoativa e fresca, e isso não me agradava.

A Grande Segunda Guerra estava chegando, todos sabiam. Os jantares na minha casa estavam se tornando silenciosos e desagradáveis para todos. Minhas irmãs eram novas demais para entender o que estava acontecendo, e meus pais perdiam a paciência muito fácil quando elas perguntavam o que estava acontecendo. Meus pais estavam em crise, porque tinham adquirido o trauma da Primeira Grande Guerra. Tinham medo de tudo voltar novamente, verem que eles amam indo embora, isso era o que mais os deixava aflitos. Bem, eles passaram por maus bocados antigamente, era compreensível. Mas como sempre, preferiam não ter uma opinião ativa com tudo isso; acredito que tinham mais medo do que tudo. O que levou-nos, também, a não ter um caráter nazi-fascista tão forte como a maioria dos alemães do nosso país.
Tudo aconteceu extremamente rápido. E bem, não quero dar uma aula de história, porque realmente não é minha intenção. Alguns anos se passaram, e eu consegui fugir da obrigação de me alistar, tanto porque meu pai não permitiria e eu também não queria, sou um ser extremamente pacifico e abomino guerras ou qualquer outra coisa do tipo.

Então, em 1942, perto de Maio, fui forçado a ir. Logo ocorreria uma batalha... Stalingrado. Bem, como alguns devem saber, ela ocorreu em 28 de junho – lembro-me muito bem dessa data -, isso quer dizer, mais ou menos um mês de preparo para ir aos campos de batalha. Bem, eu sendo jeito que sou, desastrado ao extremo mal conseguia segurar em uma arma, quem dirá apontar e atirar. Alguns soldados eram ótimos guerreiros, outros eram como eu. Meus companheiros eram todos a favor da idéia do Nazismo e defendiam com unhas e dentes o seu adorado líder Hitler. Normalmente eu apenas ouvia durante as reeleições onde eles discutiam sobre as conquistas da Alemanha, e só tomava voz quando o assunto era qualquer outra coisa. Eu tentava fugir dos treinamentos para ficar dormindo no compartimento, e normalmente não conseguia. Esperava ansioso para que tudo aquilo terminasse, e eu pudesse voltar para casa logo. Eu realmente achava que eles vissem tão ruim guerreiro eu era, e me mandassem embora. Estava errado.

Quando o grande dia foi chegando, mas eu ficava calado e entrava em um pânico interno terrivelmente assustador. Era inverno, o nosso exercito não estava preparado para o frio tão rigoroso que fazia. Caminhávamos pelas ruas até nos darmos conta que havia milhares de soldados russos nos aguardando. A cidade parecia deserta, só ouvia os nossos passos pesados ao tocar o chão. Quando vimos todos os soltados russos começando um ataque forte contra nós, no primeiro golpe já fui ao chão. O tiro no estômago foi exato e eu tinha certeza que morreria em poucas horas. O batalhão foi agüentado firme até que não tive mais visão dele por aquela rua. Vários companheiros já estavam mortos no chão juntamente com os russos. Ratos nos rodeavam e comiam as vestimentas de alguns soldados sentindo o cheiro de sangue fresco. Não conseguia me mexer de tanta dor quando ouvi alguns passos misturados com os tiros que se ouvia de longe. Não me lembro mais nada além de ter apagado na hora.


***

Quando dei por mim, estava deitado em um lugar estranho e desconhecido. Não sabia aonde era e como havia chegado ali. Era um celeiro muito velho, apesar de ter achado que era um moinho. Talvez estivesse na Holanda, mas como havia chegado lá tão rápido? Era impossível. Estava deitado por uma palha antiga, muito seca e áspera. Observava tudo, mas sem me levantar... Estava curioso, mas não a esse ponto. Olhava para todos os lados, em busca de alguém, e tentei gritar, mas não conseguia. Percebi que ainda era dia, por que alguns filetes de luz passavam pelas madeiras, fazendo que partículas de poeira dançassem no ar. Soltava longos suspiros até perceber que minha barriga estava totalmente curada e a dor havia passado. Estava começando a ficar realmente assustado. Quando novamente ouvi os passos, lá fora já estava escuro e uma brisa fria envolvia meu corpo.

- Boa Noite, Raphaël.

Sua voz ecoou de uma forma sinistra o que me deixou completamente arrepiado. Eu tentava buscar donde saia àquela voz, mas não via nada além de escuridão. Então o vi parado bem a minha frente. Estava totalmente trajado de preto, pelo pouco que pude identificar. Agachou-se e olhou bem na minha face, então deu uma tapinha de leve nela.

- Sabe o que eu sou, criança?

Olhei-o assustado de novo. Sem saber o que dizer.

- Será igual a mim, a partir... – olhou no seu relógio de pulso -, agora.

Ele me segurou e ergue-me para cima dele, então consegui ver sua face com mais facilidade. Tinha traços egípcios, que vim a identificar mais tarde. Ele tinha um olhar penetrante e macabro. Ele mordeu meu pescoço, logo me jogando no chão e drenando meu sangue por completo. Vi meus braços murchos e os ossos dos dedos apenas encapados com a pele. Estava preste a morrer, quando ele rasgou o próprio pulso e colocou sobre a minha boca para que eu bebesse o sangue viscoso que saia dele. Relutei nos primeiros instantes, mas logo bebi... Bebi tudo que conseguia, até me embriagar. Ele puxou o braço com força, quando me dei conta que estava ardendo por dentro, minha carne se desprendia da pele trazendo a sensação de formigamento.

- Não se assuste, isso é completamente normal, Raphaël. Você irá morrer agora, será muito doloroso – deu uma risada -, mas daqui uns dias não sentirá mais dor. Você tem duas presas, as usara para morder e tirar sangue de suas vitimas, esse é seu alimento. Sim, viverá da vida dos outros humanos.

Ele me olhava com dó mais ao mesmo tempo com frieza.

- Será para sempre um bebedor de sangue como eu, criança. De dia ache um lugar para dormir, o sol pode lhe matar e o fogo também, fuja dele. Sei que gosta de desafios, Raphaël... Supere esse.

Ele se virou uma última vez e soltou uma gargalha, minha expressão era totalmente de dor. Quando ele finalmente foi embora me deixando lá, sozinho. Fiquei lembrando de suas palavras durante todos os dias da minha difícil transformação. Os cheiros me enjoavam, os fluidos saiam de meu corpo em abundância e me davam ânsias, vomitava tudo que estava no meu estômago, que eram apenas mais fluídos do meu corpo. Quando dei por mim, estava no sétimo dia de transformação.


***

Minha primeira caça foi engraçada olhando agora para trás, não tinha controle da minha força e acabei matando os seres humanos no quais me deleitava com uma rapidez incrível quebrando-lhes as vértebras. Era desajeitado ao extremo, e demorei um pouco para pegar uma certa prática. Patético, não?

quinta-feira, 28 de junho de 2007

A Infância e Adolescência



No dia 13 de Novembro de 1918 eu nasci.

O país estava feliz e ao mesmo tempo triste, a Guerra havia sido oficialmente acabada apenas há dois dias. O país politicamente lamenta a imagem que passava para o mundo agora, como perdedores, mas o povo agradecia por não estar mais em conflito.
Meu pai, Max, passava o dia inteiro trabalhando enquanto minha mãe, Elga, o esperava em casa enquanto cuidava carinhosamente de mim. De todos os defeitos que tinha, nenhum deles era equivalente ao seu jeito carinhoso e dedicado. Era uma mulher de porte e tinha uma aparência forte, porem era doce e boa, uma mulher caseira que gostava de cuidar de crianças.
Uma das coisas que tenho mais claro na minha memória é quando meu pai chegava, e eu o esperava ansioso, e então jantávamos os três juntos.
O primeiro prato era sempre uma sopa, havia dias que parecia um caldo sujo, mas não deixava de toma-lo, pois sabia que isso ofenderia a minha mãe. O segundo prato era alguma carne bem temperada e bem assada, pois meu pai odiava a carne sagrando, isso eu me lembro bem, por que houve uma vez que ele teve uma discussão com minha mãe em relação a isso. E o terceiro prato, que era o que eu mais gostava, era a sobremesa. Normalmente era um doce caseiro feito por minha mãe ou uma fruta simplesmente. Não podia comer a tarde, ela nunca deixou, o que fazia meu apetite crescer incrivelmente na hora das refeições... Pensando bem, ela agia certo. O jantar sempre era silêncio, apenas um olhando nos olhos do outro, até quando meu pai falava sobre alguma coisa interessante que havia feito no trabalho no dia ou falava sobre dinheiro com a minha mãe, eu apenas assistia eles conversando enquanto me embriagava com um copo cheio de leite ou água... Apenas aos 12 eles deixavam-me acompanhar-lhes no vinho.
Quando o jantar acabava, o ritual era sempre o mesmo: Levantava-me educadamente como minha mãe havia me ensinado, ia para meu quarto, lia algum livro e acabava dormindo. Eles não precisavam mandar mais, sempre foi assim. Meu pai e minha mãe eram um casal feliz em termos matrimoniais, eles definitivamente se amavam muito. O que me deixava de certo modo muito feliz. Eles sempre foram vistos como um casal feliz com um lindo filho, que era muito bem educado.
Quando tinha oito anos, minha mãe deu a luz a Apolline, que ao contrário de mim nasceu saudável e bem nutrida. Foi a alegria de meus pais ter uma menina em casa. E depois de dois anos, Irma, nasceu. Nossos hábitos mudaram muito, meu pai trabalhava feito um louco enquanto minha mãe cuidava das meninas. E eu, bem, divertia-me jogando bolinhas de vidro com uns amigos a tarde toda, chegando com as calças sempre sujas ou rasgadas, o que fazia minha mãe ficar brava.
Então, quando completei 12 anos, comecei a ajudar meu pai fazendo pequenas entregas pela cidade... Cartas, Telegramas, Documentos. Não era muita coisa, mas era um começo. Gostava de ajuda-lo, pois, de fato, nunca foi estudioso e isso me ocupava... E sempre tinha uma recompensa... Em certos lugares só havia mulheres trabalhando, rs, o que me deixava ocupado à tarde toda enquanto elas me mimavam e falavam pequenas obscenidades em meus ouvidos, o que acho hoje em dia engraçado uma mulher de vinte e poucos anos dando bola para uma criança como eu era naquela época. Tinha cabelos longos que sempre os deixa presos, e uma aparência de menininho ainda, meu nariz ainda era grosso e meu olho não tinha clareado por completo, mas apesar de ser bem alto, parecia pelo menos... Dois anos mais velho. Elas ficavam a passar poucas madeixas que soltavam de meu cabelo caindo pelos meus olhos por causa da correria, passando-os para trás das orelhas, e davam uma risada gostosa e sedutora como se isso não me deixasse vermelho, talvez fosse a intenção delas mesmo: deixar-me vermelho. Quando fui crescendo mais, sabia lidar melhor com elas. Aos meus dezesseis, já sabia retribuir as provocações de modo que as deixassem sem fala. Algumas delas deslumbravam-se ou iluminavam-se ao me ver na porta das lojas quando chegava com algum recado de meu pai – que era um grande e requisitado advogado da cidade -, e logo me puxavam para algum canto usando o pretexto que precisava falar em particular comigo ou dar-me algum recado que se encontrava no escritório nos fundos. Enquanto suas mães abusavam de mim... De certo modo; as suas filhas ficavam rubras ao me ver sem nenhuma fala. Sempre fui um menino bonito, não posso negar, e sempre tive fala mansa. O que as deixavam por assim dizer... Loucas.





Uma das senhoras que mais me recordo foi aquela que atingi minha maturidade. Era uma linda grega, que havia se mudado para Alemanha, há pouco tempo. Era deslumbrante. Chamava-se Demétria, Madame Demétria.
Ela era muito calma e séria, a primeira vez que a vi, ela estava saindo do escritório de meu pai agradecendo-o por serviços prestados.
Quando ela colocou os olhos em mim, abriu um imenso sorriso... Não sabia dizer que tipo sorriso era, pois estava misto de intenções. Então cumprimentei-la e ela saiu pela porta com um rebolado que chamava muito a minha atenção. Perguntei ao meu pai quem era ela... Ele não respondeu. Então, alguns dias se passaram até que eu a visse novamente, por mandato de meu pai.
Era um dia bem gelado, a neve caia pelas ruas enquanto eu caminhava calmamente pelas calçadas. Não era um dia muito agitado no escritório, então entregaria isso e voltaria para casa, estava calmo e ao mesmo tempo ansioso e eufórico.
Quando cheguei em seu prédio, pedi para o porteiro deixar-me entrar. Era um edifício de luxo e de bom nome. Preferi não subir pelo elevador porque além de medo, ela morava no segundo andar. Lembro-me até hoje o número de sua casa... Apartamento N° 12. Quando bati na porta, seu mordomo atendeu e arqueou a sobrancelha, ele deveria ter uns setenta anos para mais. Ele perguntou se poderia me ajudar e mostrei o recado que tinha para entregar. Falou que ele mesmo entregaria a Srta. E eu disse que não, que estava sob minha responsabilidade em um tom bem cínico. Então, deixou-me entrar. Aguardei durante alguns minutos na sala sentando no sofá olhando para o teto distraído, quando ela apareceu na porta apoiando-se nela, com um sorriso radiante. Então disse: “Menino Vigée-Lebrun”, em um sotaque francês bem carregado o que me fez sorrir. Fui ao seu encontro e beija-lhe a mão como uma forma de comprimento. Mostrei-lhe o papel de meu pai e ela pediu para que eu me sentasse sem dar a mínima importância a minha missão. O apartamento era de fato muito luxuoso e aconchegante, os sofás eram grandes e macios. Ela se dirigiu ao bar e perguntou se eu bebia algo... Então respondi o que ela quisesse me oferecer eu aceitaria. Bem, ela deu um sorriso malicioso nessa hora. Observei-a enquanto trazia um copo baixo para mim com alguma bebida destilada e sorridente. Perguntei-lhe porque havia deixado a Grécia e ela simplesmente não respondeu, e estava começando a me irritar todo mundo ignorar minhas perguntas. Ela então me perguntou minha idade.
-16 quase 17... – disse-lhe quase gaguejando.
Ela olhou com um rosto quase materno e começou a fazer perguntar indiscretas, para dizer bem a verdade, eu sempre fui firme com todas as mulheres que me assediavam, mas essa... Essa era diferente. Ela mexia o cabelo de forma diferente, sorria de forma diferente, andava e falava de forma diferente. Então, em poucos minutos já estávamos pelo chão rolando foi dois animaizinhos. Devo confessar que ela me iniciou, verdadeiramente na minha vida de homem. Tudo mudou, não gostava mais de jogos com senhoras ou suas filhas, jogos de olhar e tsc. Quando voltei para casa naquela noite bem mais tarde, meu pai esperava-me na sala com um rosto desinteressado e ao me ver passar pela porta arqueio as sobrancelhas. Então perguntou porque eu havia demorado tanto... Não queria falar para ele o que tinha acontecido... Inventei uma desculpa qualquer de ter ido beber com uns amigos e acabei perdendo a hora. Ele se levantou e me rodeou e disse que eu estava cheirando a bebida mesmo, mas não entendia das roupas amassadas. Estava quase suando quando lhe disse que nos havíamos ido a um bordel também. Ele novamente arqueio as sobrancelhas e deu uma risada. Então foi para o quarto e eu para o meu. A noite foi passada inteiramente desacordada, ficava pensando nela e na mentira que havia contado ao meu pai, que sempre fora um grande amigo.
Então, na manhã seguinte no escritório quando seu primeiro cliente saiu, entrei para conversar com ele sobre o ocorrido. Ele simplesmente continuou a ler o livro que precisava ser relido e disse que já sabia, e que tinha observado o olhar dela ao me ver na primeira vez que esteve aqui. Fiquei pasmo então, dei uma risada. Ele olhou por baixo para mim e disse que não era para me envolver com ela... Além de ser uma mulher bem mais velha, era uma cortesã grega muito conhecia porque havia se mudado para cá para ser amante de um político importante na época. Digamos...Nunca fui de acatar ordens impostas pelos outros, e isso incluía meu pai. Algumas vezes ao mês ia a sua casa lhe fazer uma visita, o que era agradável para ambos. Demétria sempre era carinhosa comigo, e de certo modo... Muito envolvente. Ela tocava piano às vezes e mostrava algumas partituras que escrevera. Foi com ela que ouvi pela primeira vez Sonata ao Luar... O que virou uma obsessão para mim. Ela tinha um jeito de mulher madura e ao mesmo tempo de menina sapeca. Gostava de estar com ela, e não necessariamente estar nela. Eu cheguei a amá-la, mas nada que me machucasse por inteiro se ela partisse. Meu pai sabia dos encontros e cada vez que percebia as marcas de batom – um vermelho escarlate -, me olhava de forma distante e irritada. Até o dia que completei 18 anos, ela voltou para Grécia se despedindo de mim com um longo beijo e uma noite inesquecível, ao amanhecer antes de ir embora sussurrou em meu ouvido que me amava e um dia voltaria. Ela nunca voltou.
Foi morta durante o caminho por um assassino de aluguel, mandado pelos inimigos do político, qual que era amante, vim, a saber, bem mais tarde. A única coisa que me restou dela foi um colar de camafeu preto, que dava três voltas. E ainda o tenho, está guardado na minha propriedade em Berlim, a antiga casa de meus pais. Com o tempo, muitas mulheres apareceram na minha vida. Uma delas foi Wone, uma linda menina de cabelos loiros deslumbrantes. Ela era uma das filhas das madames que citei um pouco acima. Ela fica rubra quando me via passar pela loja de sua mãe atravessando-a até o fundo onde ficava o balcão ou pelas ruas. Ela tinha 16 anos, dois anos mais nova que eu. Sua mãe, sem ela perceber, é claro; certa vez realmente ‘abusou’ de mim, me jogando na parede e eu, apenas deixei, era fogosa e tinha uma magoa... Sabia que seu marido a traia. Mas por uma questão de sigilo ela nunca insinuou nada sobre mim ou meu pai, além de contas nunca era bom atrair um escândalo. Era uma mulher séria e de fato... Muito conhecida pela cidade. Um dia quando cheguei a loja e Sr. Diana não estava, fui direto a Wone, e perguntei-lhe onde estava a sua mãe. Ela corou por inteiro então sorri, na mesma hora me aproximei e disse-lhe como ficava bonita corada... Disse em um tom baixo o suficiente para que apenas nós dois pudéssemos ouvir. Dei uma risada então a convidei para um café. Enquanto caminhávamos, ela olhava para os pés totalmente rubra e soltava um sorriso desconcertado. Sem pensar eu perguntei porque ela gostava tanto de mim se nunca havia me dirigido à palavra, eu poderia ser um canalha, porque não? Não especifiquei que era, todavia... Ela continuava envergonhada agora se agarrando ao seu casaco mais contida, então falou pela primeira vez: “Você parece um anjo, não pode ser um...” completei sua frase dizendo: “canalha”. Fiquei quieto até chegarmos ao café. Pedi um pequeno café bem forte e ela pediu apenas um chá. Ela sorriu radiante quando o chá chegou em forma de agradecimento à garçonete. Então dei uma doce risada. Conversamos sobre artes, música e filosofia. Então quando vi que horas eram... Já estava tarde, bem, naquela época era tarde... E a moça ainda não havia ido para casa. Então novamente levei-a pelo seu trajeto. Quando chegou em casa, inclinou-se para frente e me deu um pequeno beijo selando os lábios e então deu três toques na porta quando sua mãe abriu, estava com uma expressão brava, mas nada fora do seu normal. Mandou Wone entrar e ir para seu quarto e ficou no parapeito da porta me observando, enquanto eu me encostei-se à parede do corredor e lhe sorria. Dei uma risada e me despedi dela com um aceno. Os dias foram passando, e eu me machucando cada vez mais para subir pela primavera de sua varanda para ver Wone, sabendo que sua mãe havia a proibido de me ver. Ela era uma menina doce e linda, gostava de estar com ela, te-la deitada em meu peito enquanto acariciava suas madeixas e ela me contava seus sonhos. Às vezes recitava versos de poetas famosos o que a fazia ficar feliz, e às vezes, apenas ficava em silêncio olhando-a. Nunca houve mais que isso nos primeiros tempos.
Minha família estava se reerguendo e podíamos morar em uma casa maior agora, meu pai tinha muito trabalho e minhas irmãs cresciam felizes. A vida estava sendo recompensadora novamente.
Então, quando finalmente ia possuir Wone, decidimos fugir de Berlim. Planejamos sair em uma sexta-feira à noite. Quando partimos fomos para o interior do país, mas, não se passou uma semana e Wone quis voltar para casa. Isso levou a termino de nosso relacionamento. Ela estava insegura, e eu não era uma pessoa que gostava de ficar sobre as pernas bambas, e ela sabia. Digamos que isso foi o mais perto que cheguei de ter um relacionamento sério com uma mulher. Depois dela, só houve casos e mais casos. E a maioria destrutivos... Para elas.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Escreva a sua História - Pedro Bial.



Escreva a sua história na areia da praia,


Para que as ondas a levem através dos 7 mares;


Ate tornar-se lenda na boca de estrelas cadentes.


Conte a sua história ao vento,


Cante aos mares para os muitos marujos;


cujos olhos são faróis sujos e sem brilho.


Escreva no asfalto com sangue,


Grite bem alto a sua história antes que ela seja varrida n'amanha seguinte pelos garis.


Abra seu peito em direção dos canhões,


Suba nos tanques de Pequim,


Derrube os muros de Berlim,


Destrua as cátedras de Paris.


Defenda a sua palavra,


A vida nao vale nada se você nao viver uma boa história para contar.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

A Família


Irei agora começar a contar as primeiras partes da vida de Raphaël. Primeiramente, vou explicar a história de sua família e de seu sobrenome.
Minha família data desde o Império Carolíngio. Em sua terceira ‘geração’, quando os netos de Carlos Magno assinaram o Trato de Verdun, (843).Obviamente, viemos do Império de Luis o Germânico, atual Alemanha. Nossa família sempre pertenceu à Alemanha, não há relatos sobre outra origem, sempre estivemos na lá, ela sendo ou não ela. E posso dizer com orgulho isso.Quando o Império de Luis caiu, entre as cinco famílias que controlavam o país, se encontrava a minha. Mas, com o passar dos anos, nos fomos perdendo nosso poder e nossa voz ativa, mas ainda éramos respeitados por todos que sabiam de nossas origens, apesar de não acharmos preciso – porém, gostávamos de ter essa importância e bajulação.
Com o tempo, que nunca pára, a nossa terra estava sofrendo modificações rapidamente, e as velhas idéias e conceitos estavam caindo. Muitas coisas mudaram. Meus familiares foram se afastando cada vez mais da sociedade, e indo para o campo.Por volta do século XV, minha família começara a fazer casamentos – os quais não eram mais entre parentes... -, com renomadas famílias francesas. Entre elas, Vigée-Lebrun - a maior de todas. Era uma família muita bem dita, e de sangue nobre, primos distantes do Rei Luís XI (o rei atual da França, na época).
Para ambas famílias foi muito benéfico, por que de fato... Por baixo dos panos, se me permitem dizer, eles estavam falidos, sem ajuda do Rei – que acredito, com certeza, nem se lembrava de sua existência -, e nós sem boa fama (não diria boa fama, apenas... Sem fama), pois havíamos perdido nossa voz ativa na política.
O casamento de Johannes, meu ascendente e Marguerite Vigée-Lebrun, foi um casamento bem seco. Tiveram apenas um filho homem: Hans. Casou-se também com uma Vigée-Lebrun, prima de Marguerite, e teve também apenas um filho homem com sua esposa (pelo menos, com ela apenas um filho). E assim, de geração após apenas filhos homens nasceram, e a após igualmente... Todos muito parecidos, homens altos, fortes... Loiros de olhos claros, normalmente azuis contornados com verde ou vice-versa. Germânicos no sentido real da palavra.
Em termos políticos, preferimos ficar fora, pois apesar de ainda ter muito peso em nossas alegações por ter pertencido há uma das cinco famílias, não queríamos nos envolver na Política no país. A religião de minha família foi o Luteranismo (Protestantismo na tradição de Martinho Lutero). Meus antepassados seguiam fielmente tudo que Martinho Lutero dizia e fazia contra a Igreja, apesar de novamente estarem longe para acompanhar tudo de perto, mas acreditavam em sua palavra. Pelos manuscritos que restaram, ficaram muito desamparados e tristes pela sua morte em 1546, o que os levou a ficar fora de uma a voz ativa na religião também. Como dizia Wolf, um antepassado, foi um jantar bem triste. A família vivia bem longe de pontos comerciais e de ‘grandes’ cidades. Sempre preferimos morar no campo, para ficar distantes de tantas revoluções... Éramos do tipo de pessoas conservadoras e ligadas às velhas tradições, exceto na religião – da qual fugimos da Católica. A família guardou para si a grande fortuna e riqueza, que apenas aumentou conforme os anos. E alguns séculos se passaram, não houve muitos acontecimentos importantes, pois foram citadas nos arquivos apenas coisas comuns... Como faturas, contas, papéis falando dos pertences da família, escrituras de grandes áreas rurais, tsc... Até meus dezessete anos já havia lido todos os relatos da família que encontrei.
Meu avô, que nasceu no ano de 1864, e cuidou de todos os pertences da nossa família muito bem, deixados por seu pai, antes do seu falecimento. Athanasius - meu avô, virou um grande industrial, estávamos em plena Segunda Revolução Industrial. Bismarck, que liderou a unificação do país, fez que a Alemanha entrasse na Industria de forma forte e significante na Economia Mundial.
E meu avô acreditando que no principio de tudo isso poderia dar bons frutos para frente, investiu grande parte de sua fortuna nisso.
Comprou uma industria perto de Berlim de Tear Mecânico e Maquinas de Fiar. E com o tempo foi a lapidando e reformando, transformado-a em uma Grande Industria da região.Ele sempre ficava na cidade, cuidando de negócios e deixava a família na casa de campo, sua esposa com seus dois filhos: Anna, sua mulher, e Antonin, o filho mais velho e Max, o mais novo.
Anna morreu por causa de uma doença, que mais tarde vieram a descobrir que era um o bacilo do tétano, da peste (bubônica e pneumônica). Foi muito exaustivo para todos os membros da família, contava meu avô em seu diário.Athanasius acabou por procurar um casamento novamente, tinha dois filhos pequenos e precisava de uma mulher em casa além de sua governanta (qual era sua amante desde que era adolescente, ela uma mulher de postura e ele um jovem se descobrindo, é claro, como todo Vigée-Lebrun, não deixaria por desejar). Então em 1888, conheceu sua nova esposa em congresso, do qual havia participado. 1889, ele se casou com uma linda Austríaca: Alexia. Sua nova esposa era muito mais nova que ele, ela tinha 14 anos e ele 25. Tinha cabelos loiros e olhos verdes, tinha um corpo formoso corpo, pelo menos... O colo era branco e chamativo, usando suas palavras. Ele sempre citava isso em seu diário.
Alexia sempre cuidou bem de Max – meu pai -, e Antonin apesar de não ter muita paciência com ambos. Mas não tiveram filhos, ela nasceu seca, e nunca pode ser agraciada com um menininho ou uma menininha, o que frustrou muito meu Avô.
Isso levou ao afastamento de ambos durante os primeiros anos de casamento, porém, quando Alexia foi tomando idade mais adulta voltou a atrair Athanasius, pelo fato de ter se tornado mulher com porte e pose. E novamente a harmonia reinou entre o casal, porém uma coisa ainda causava-lhes nervos e aborrecimento: o início da Primeira Guerra Mundial. Então, com a morte de Francisco Ferdinando, ambos ficaram a favor da Guerra. Foi quando meu tio, Antonin, acabou indo para a Batalha de Marne, e morreu em combate. O que levou meu avô, cheio de desgosto falecer e junto a ele, minha avó por solidão e depressão, foi o que levou ela a atirar na própria cabeça. Ambos machucados pelas feridas da guerra, e não suportaram a perda de seu filho. Meu pai, com seus 28 anos teve que seguir sua vida, ele estava recém casado com minha mãe: Elga. Nossa família entrou em crise, e perdeu tudo que havia conquistado desde seus princípios. A industria, carros, terras, casas... Tudo! Tamanha crise foi. Então, meu pai com uma boa formação conseguiu um trabalho que sustenta-se ele e sua esposa, viviam em Berlim, e estavam levando a vida, enquanto a Guerra não terminava. E então, em 1918 eu nasci.Para aqueles que conhecem a origem de meu nome, podem suspeitar que é uma homenagem, e posso afirmar que estão certos.
Raphaël, vem do Hebraico, e significa ‘Curado por Deus’. Eu nasci desnutrido e sem chances de viver. E por algum motivo inexplicável, eu consegui viver. E minha mãe, que passava dias rezando para Deus, deu-me esse nome quando me recuperei. Cresci ajudando meus pais em tudo que podia, lendo tudo que nos restara das nossas imensas bibliotecas. Era um propriamente dito bobo..

Aproxima fase que irei escrever será a infância de Raphaël.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Quem é Raphaël Vigée-Lebrun?



Bem, irei seguir um conselho que recebi agora a pouco. Vou reescrever toda a história de Raphaël com detalhes, aqui está a apresentação dele do Orkut e de Fóruns de RPG.Mas... Não posso prometer que isso levará tempo, e só escreverei quando estiver inspirado.


- Como Deus pode justificar o sofrimento de uma criança? - Fiódor Dostoiévski
Falaram-me que deveria pronunciar algo sobre minha pessoa, e aqui estou. Mas devo alertá-lo que não será muito interessante, enfim... Antes do meu nascimento, minha família tinha grande riqueza e tinha sangue azul nas veias, particularmente acho uma bobagem. Com o final da Primeira Guerra, meus familiares sofreram vários danos financeiros, e perdemos tudo. Carros, fazendas, casas. A nós, só restou um teto e um bebê recém nascido para cuidar. Nasci no início do século XX, no último ano da primeira grande guerra.

Em 1918, Elga, minha mãe, deu à luz um bebê que parecia ter morte certa: eu. Por um milagre, continuei vivo. Os anos passaram, e tentamos sobreviver; e nos saímos bem, algum tempo depois de meu nascimento, minha mãe pariu mais duas lindas meninas, Irma e Apolline. Quando a Segunda Grande Guerra chegou, o medo voltou a atormentar minha família. Eu podia ver o horror nos olhos de minha amável mãe; ah, apavorava-me saber que isso atormentava meu pai. Fui convocado para lutar na grande (não tão grande) batalha de Stalingrado, e mesmo não querendo abandonar meus pais, fui por meu país. Ah sim, já devem imaginar qual seja ele: Alemanha. Sim, fui nazista, mas hoje em dia não sou mais: não há porque, vi que nada daquilo viveria por muito mais tempo. Aquele partido tinha idéias equivocadas, devo admitir, mas não deixo de pensar de como superior é minha raça, pura - apesar de não ter tanta convicção como meus companheiros de batalha. Logo fui atacado brutalmente, e moribundo fiquei naquele campo molhado de sangue. (Se soubesse o que ocorreria, nunca teria ficado em um lugar que tivesse tanto sangue. Ah! Acredite, atrai muitos ratos!) Bem, fiquei lá, desejando a morte, mesmo sabendo que a vida é um milagre e lutamos para estar nela, e devemos lutar para não a deixar, mas... A dor estava insuportável, mas não sabia mais se aguentaria. Havia levado um tiro bem perto da barriga, e não sei como morri na mesma hora. Fiquei agonizando com dor, até que um pouco antes de desmaiar, ouvi alguns passos. O dono deles me retirou daquele local, tinha certeza. Não me vinha mais nada aos olhos, minha visão estava negra e deteriorada. Logo adormeci e, quando acordei, estava em um velho celeiro muito longe de qualquer campo de batalha, provavelmente. Sobre a palha fiquei observando a atmosfera, quando senti sua presença, então uma sensação horrível me veio. Ah, em poucos segundos ele havia me pego e drenado meu sangue, não sabia o que fazer ou dizer e nem tive tempo. E fiquei deitado no chão sujo enquanto ele me olhava com um sorriso na face, aquela antiga e polida face egípcia, que nunca mais me saíra da memória. Não demorou muito até que a dor entrasse em cada poro de minha pele, sentia a carne se desprender, fluídos mal-cheirosos saírem de meu corpo. Ele falou breves palavras de como sobreviveria sendo um ‘bebedor de sangue’ – fiquei imaginando o que seria isso na época, bem, acabei por descobrir no final -, e se foi. Ah! Maldito seja aquele monstro, que nem um bom mestre fora! Duraram dias minha transformação, meu organismo estava fraco; e eu não queria aquilo, sinceramente. Eu desejava a morte.

Logo, era um vampiro, bem poderoso posso dizer hoje em dia, e mal sabia usar meus poderes, engraçado era no principio, acredito.Voltei a minha cidade de nascença, Berlim, e a vi devastada pelo exército Russo. Quando cheguei a minha casa, meus genitores estavam mortos a tiros, e minhas delicadas irmãs, Irma e Apolline haviam sido violentadas brutalmente e mortas. Meu coração doeu. Tirei-os da casa, e os enterrei no jardim. Não era digno para eles, mas era um começo. Decidi que minha vida mudaria a partir daquele instante, e de fato mudou. Não seria mais um homem fraco. Mas estava enganado e me arrependi amargamente por estar. Retirei-me de Berlim o mais rápido que pude e me dirigi a Paris; minha doce Paris, aonde conheci minha primeira e única cria, Angelique du Coudray. Foi quando morri uma segunda vez... Ah, pequena Lolita era ela. Pense bem, 14 anos, corpo de mulher, rosto de menina. Irresistível. Enquanto não a conhecia bem, era mulher cheia de facetas. Pena que sofri em suas mãos, fiz dela uma ser igual a mim, a salvei, mas ela me retribuiu com ingratidão. Nada que o tempo não curasse. Aqui estou, não? Nada que ela me fizesse poderia me tirar o meu novo desejo pela vida.
- Deus morreu - Nietzsche

sábado, 16 de junho de 2007

O Final sem Fim.

Não irei postar como eu, e sim como a minha identidade: Raphaël. É um prazer.

Gostaria de iniciar esse blog de maneira simples, nada muito extravagante. Não sei exatamente o que dizer de primeira mão, então quero deixar fluir naturalmente... Eu ando pensando muito em várias coisas. E o fato é que eu não sei se isso é bom, pois como sempre tem me deixado perplexo. Novamente aquela história que me acompanha há anos... ‘Em busca das respostas das perguntas sem respostas’. Não irá fluir nada agora, ou nada natural... Simplesmente a naturalidade em mim parece de forma inesperada, talvez seja por isso que nunca consegui interpretar bem, tanto no palco como aqui mesmo nos Fakes. Talvez eu devesse estipular um tema para discutir agora...
Vou usar o citado acima, acho que será o melhor para a minha objetividade.

‘Em busca das respostas das perguntas sem respostas’

Ultimamente tem sido difícil achar um pé nesse chão de mar. A vida tem me castigado ferozmente como todos a minha volta. E não acredito que isso seja bom, por que de fato... Nenhuma dor é boa quando vivida. E uma das maiores batalhas emocionais que eu tenho enfrentado é a minha interna, demonstrar o que eu sinto... Independentemente do que seja ele. A minha dificuldade em demonstrar meus sentimentos está me deixando remoído, a vergonha que sinto de expô-los. Ah! Isso é considerado normal? Não conseguir falar com as pessoas que estão próximas de você com naturalidade ou sem medo? Isso me frustra. Minha cabeça dói.
Terminarei esse poste sem final.. perdi a mínima vontade de escrever, desculpem.

É um prazer, Desconhecido.

Não irei falar quem eu sou tão rapidamente, e acredito que talvez só quando
eu terminar a obra de Raphaël, possivelmente eu me apresente, mas ainda não é
algo certo.

Raphaël é um personagem originalmente criado por mim mesmo há
uns anos atrás, foi uma história que eu comecei a escrever como hob, mas devo
confessar que me apaixonei por ela de modo inesperado.

Espero que gostem de minha história.

30/07/07

Raphaël Vigèe-Lebrun;

Ertränkt