terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Descrição de Raphaël (à parte)

Raphaël não é um personagem próprio das crônicas. É um personagem baseado nelas.

Sua única ligação com elas é quem o transforma. Como se lembram, quando Khayman vira um vampiro, ele acaba transformando vários nisso também.

Raphaël é descendente dos príncipes alemãs da época de Lutero, vem de uma grande família de homens importante. Tais como a realeza, e como seu avô, um pioneiro da industria alemã. Porém, quando a Primeira Guerra Mundial alastra a Alemanha, como várias outras famílias, eles perdem tudo. E seu pai é o único que sobrevive, pois seu tio morre em batalha, e seus avos por tristeza.

Então, seu pai sai do interior, se casa, e tem um filho que tinha morte certa: Raphaël. Porém, por um milagre, ele sobrevive à desnutrição que nascera. Vem daí seu nome: “Curado por Deus”. Anos se passam, e Raphaël cresce como qualquer outra criança. E seus pais têm mais duas filhas: Irma e Apolline. Elas viram o orgulho de Raphaël, junto com seus pais.

Quando então a Segunda Grande Guerra chega para atormentar a família de Raphaël, ele é forçado a se alistar, nem todos os contatos de seu pai o ajudam, mesmo ele sendo um grande advogado alemão. Em guerra, Raphaël por não ter tido um treinamento bom, ele acaba ferido rapidamente e fica maribondo a esperar a morte. Então, algo o tira do campo antes dele perceber. Ao acordar, estava em um celeiro, e vê quem seria o grande percussor de tudo. Sua face era egípcia, pelo que pode perceber Raphaël, eram sem expressão e era extremamente branco. Sua voz quase lhe cortava os ouvido, principalmente quando se aproximava. Ele não fazia questão de esconder sua natureza vampírica. (Sim, um dos antigos transformados por Khayman).

Raphaël se torna um vampiro, então. A primeira coisa que faz, é ir para casa ver sua tão amada família, porém percebe que Berlim estava devastada, tanto quanto Stalingrado, onde lutara tempos antes. Foi diretamente para casa, então percebeu que estavam arrombadas as portas, e ao entrar se deparou com a pior imagem possível: Suas irmãs mortas. Foram estupradas. E ao procurar seus pais, se deu conta que haviam sido mortos a tiros. A vida de Raphaël tomou um novo caminho a partir desse dia. Ele se tornara alguém frio, calculista. Não esperava mais nada de Deus, aliás, que Deus era esse que deixava monstros soltos? Eram animais os soldados que mataram suas irmãs, sim, animais, que tipo de animal estupra e mata a própria raça? Muitos pensamentos tristes e cruéis invadiram Raphaël, ele já não era o mesmo menino que andava por Berlim e que todos conheciam fazendo entregas e sendo mensageiro de seu pai. Raphaël se tornara aquilo que todo homem deveria ter medo: Um vampiro de verdade.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Journal d'Angelique du Coudray

13 de Maio de 1953


Raphaël aconselhou-me a escrever um diário, ele disse que talvez isso me ajudasse a esquecer todos os fantasmas que andam me perseguindo desde que eu acabei nascendo para escuridão.


Raphaël também me aconselhou a rezar. Ele diz que Deus é o único salvamento para os miseráveis.


15 de Junho de 1953


Hoje Raphaël me deixou sozinha trancada em sua casa. Ele disse que precisava resolver certas coisas. Eu acho que ele tem se encontrado com outro vampiro. Uma noite ele voltou com dois buracos em seu pescoço.


Eu também conheci alguém, ou quase isso... É de vista. Toda noite que saio para caçar eu o vejo vagando pelas ruas de Paris bêbado recitando versos de Shakespeare.

Seu nome é Lafaiete, nasceu aqui mesmo em Paris. Quando ainda era mortal eu o vi andando pelas ruas também, mas como era de dia não estava bêbado. Seu pai trabalhou muito tempo em casa. Ele tem quase 23 anos, e é loiro, igual a mim, seus cabelos são mais longos que o normal, e tem um corpo alto, se não fosse pela expressão de menino arteiro, seria muito parecido com Raphaël. Ele parece ser alguém muito interessante. Eu o vi algumas vezes apenas, mas já estou curiosa em relação a ele. De verdade.


22 de Junho de 1953


Hoje eu briguei com Raphaël. Ele diz que eu sou muito imprudente e inconseqüente, pois toda vez que mato, deixo bem claro que não foi nada humano. Deixo a mostra minha natureza imortal.

Realmente tenho dificuldade em matar, acabo sempre quebrando o pescoço de minhas vítimas antes de beber todo sangue. Uma vez eu quebrei a espinha inteira de um homem, Raphaël ficou extremamente bravo comigo. Tenho medo dele...

Ele também disse que não poderá mais ser visto comigo. Minha família deu por minha falta de modo inesperado, ele disse que talvez mate uma moça com a estrutura corporal parecida com a minha e deforme o rosto e deixe em algum lugar para enganá-los. Ele é um monstro.

Por minha causa também não poderá mais freqüentar a socialite, minhas primas andaram falando que ele fora a última pessoa que eu estive, e estavam procurando que nem gato e rato. Isso irrita muito Raphaël, ele gostava de freqüentar os bailes da burguesia.

Raphaël tem hábitos estranhos para matar. Eram sempre mulheres da vida; tanto prostitutas como mulheres da elite.
Ele nunca chegou a matar um homem, eu acho...

10 de Junho de 1953

Hoje Raphaël trouxe alguém para a casa. Chegaram falando alto, talvez eu ainda esteja sensível a imortalidade, eu ouço coisas que nunca imaginaria ouvir quando humana.

Eles falavam sobre uma mulher. Volúpia Giacomo - Não a identifiquei logo de cara quem ela era. Mais tarde, quando me coloquei para dormir acabei me lembrando que era uma grande madame da elite italiana, era muito conhecida por tocar violino maravilhosamente bem.

Quando voltei a prestar atenção na conversa novamente, descobri o nome daquele bebedor de sangue. Donato. Eles falaram durante muito tempo e nem ao menos prestaram atenção na minha presença, acho. Houve uma hora... Bem, nessa hora, Donato se levantou e acabou se sentando no colo de Raphaël, se beijaram e logo estavam trocando grandes quantidades de sangue.


15 de Junho de 1953


Briguei com Raphaël. Estava enganada, ele tinha me visto espionando.


17 de Junho de 1953


Raphaël estava mais calmo hoje. Então me explicou porque beijara Donato e porque gostava tanto dele.
Explicou também como os imortais encaravam relacionamentos uns com os outros. E como era tão diferente dos mortais. Ele usou uma analogia, acho. Nossos corpos são uma mera casca, o que importa é a alma que há dentro dessa casca. Quando viremos filhos da escuridão, aprendemos a valorizar aquilo que os mortais esquecem. Ele disse que com o passar do tempo... Os seres humanos esqueceram da beleza. E falou uma frase de Da Vinci.
“Tudo que é belo no homem morre, menos a Arte”


08 de Agosto de 1953

Hoje é o aniversário do meu pai, me mata saber que não posso estar com ele agora. Ainda estar preocupado comigo, sua caçula. Raphaël não chegou a deformar o corpo que disse que faria.

Na caça não consegui matar por tristeza.

Pela primeira vez Raphaël foi caloroso comigo, ele me abraçou e disse que tudo daria certo. Ele disse que no último ano da vida do pai dele ele não teve a chance de passar com ele seu aniversário também e isso o feriu muito.
Ele parece ser tão dócil, delicado... Simpático. Mas quer parecer uma coisa fria, sem escrúpulos. Por quê? Ele parece sentir dor. Quem sabe um dia eu descubra o por que.


23 de Agosto de 1953


Hoje enquanto Raphaël foi caçar, entrei em seu quarto. Ele tem um diário também, igual a esse que ando escrevendo. Mas o dele é desde que era mortal.
Eu fiquei com medo quando li. Era extremamente detalhado e ele falava sobre sonhos que ele tivera ultimamente. Um deles era sobre uma masmorra. Ele disse que era um castelo muito antigo, deformado e desproporcional. E eu estava na última masmorra, bem alta, como em um conto de fadas. Disse que havia vários vidrais como as de Notre-Dame iluminado as estreitas passagens de pedra. Quando ele veio me buscar, dei-lhe a mão e fomos descendo pelas escadas... Mas elas eram imensas e iam brincando nas paredes, havia vários degraus pequeninos e teve certa hora que eles acabaram, e nos dois caímos em abismo sem fim.

O outro sonho era quatro portais: Ele chegou a ver dois só, mas tinha certeza que eram quatro, alguém havia dito-lhe no sonho. O primeiro que ele fora era um portal que havia muita água para todos os lados, e nesse portal, você deveria mergulhar dentro dela para ver os corpos daqueles que haviam lhe feito mal. Então, tinha que tomar suas mãos, beijá-las e dizer que as perdoava.
O outro portal que ele chegara a ir era um de areia, havia montes de areia caindo sobre tudo e todos. Então, acordou.


01 de Setembro de 1953

Raphaël voltou hoje de uma viagem para o interior. Ele trouxe consigo alguns documentos de propriedades.
Ele comentou que havia ‘ganho’ de um idoso em um jogo de cartas em uma cidadezinha de Le Puy.


15 de Setembro de 1953

Raphaël decidiu ir para Londres de última hora e novamente me deixou aqui sozinha. Finalmente poderei conhecer Lafaiete.


Raphaël me proibiu de sair da cidade, e disse que caso eu saísse ele saberia e eu pagaria caro.


17 de Setembro de 1953


Hoje me encontrei com Lafaiete, ele sabia o que eu era e pediu para ser igual a mim.
Decidi que vou transformá-lo para assim poder fugir de Raphaël.

Lafaiete disse que o conhece, havia visto matar algumas prostituas pela cidade certa vez.


23 de Setembro de 1953


Transformei Lafaiete hoje.

Raphaël voltou hoje.




Nunca me arrependi tanto na minha vida, como estou arrependida disso.


25 de Setembro de 1953


Raphaël me mandou embora. Disse-me que era uma ingrata e não valia nada. Não entendi o porque de tanta irritação. Ele disse que eu havia sido imprudente.
Disse também que talvez minha cria não sobrevivesse, que eu havia feito o processo errado e agora ele só iria sofrer.

17 de Outubro de 1953


Fui embora.




Adeus Raphaël.

Até nunca mais.

domingo, 5 de agosto de 2007

A Dança dos Corpos Eternos.

Estava na hora da transformação. Angelique a esse ponto já deveria saber o que eu era e o que eu queria. Podia dizer que mil pensamentos passavam por minha cabeça agora. A noite mal havia começado e eu já pensava no que faria ou como faria. Andava pelas largas ruas da Cidade Luz, procurando uma caça. Queria estar bem alimentado para quando fosse trazer Angelique para escuridão.

A cidade estava úmida, quase gelada. Não me lembro exatamente em qual época do ano estávamos. Uma melodia me levava enquanto eu andava pelas ruas, a procura de minha vítima: Uma Prostituta. Caminhava em direção a um grande prostíbulo da cidadã, onde geralmente servia grandes políticos e homens importantes da sociedade. Ao entrar, fui recebido por duas gêmeas muito bonitas, mas não seria minhas vítimas essa noite. Elas retiraram meu sobretudo com cuidado uma de cada lado, e abafaram risinhos. Acariciei o rosto de uma e segui em frente para visualizar quem seriam minha dama da noite. Desde que fora transformado só matava mulheres, não me agradava muito à sensação de estar abraçado a um homem em plena rua sendo ela escura ou não.

Ao subir no segundo andar, lá estava ela: A mais cara do prostíbulo inteiro. Danielle, esse era o seu nome. Arquei a sobracelha antes de me aproximar e dei uma olhada em volta. Ela estava deitada em um divã datado do século XVII, com almofadas vermelhas e fofas, seu corpo quase se afundava por causa da maciez excessiva do almofadado. Caminhei até ela jogando as madeixas louras que caíam sobre meus olhos para atrás, e abri-lhe um sorriso cortês. Com o meu aproximar, ela se sentou e fixou o olhar bem nos meus olhos. Tomei sua mão, e a beijei com cuidado nas costas. Então, em silêncio ela me levou até seu quarto. Ela sorria maliciosamente, e em seus pensamentos várias cenas fortes predominavam. Caminhávamos devagar, ela com seu andar sensual na frente sobre os saltos altíssimos. Quando passamos pela porta dupla de seu quarto, ela me fez sentar sobre a cama. Ela logou se jogo por cima de mim, então com um movimento rápido fiz com que ela ficasse por baixo. Retirando as madeixas com cuidado de seu pescoço, enquanto ela estranhava minha súbita frieza.

- Estava sem casaco lá fora, monsieur?

Não respondi, apenas fixei o olhar em um ponto especial de seu pescoço e com calma mordi com certa brutalidade. Abafei seu berro com uma das mãos, e continuei a tomar todo seu sangue, sugando o mais rápido que podia, já tinha perdido demais meu tempo com ela. Antes de chegar na última gota, quebrei seu pescoço. Retirei-me do quarto arrumando a gravata e jogando algumas notas por cima da cama.

- Obrigado por seus serviços.


Sai do bordel, e fui para minha casa, Angelique já deveria ter acordado a aquela altura. Quando cheguei na casa, abri as portas com apenas um empurrão e subi para o seu quarto com certa rapidez que apenas um vampiro poderia ter. Ao chegar na porta de seu quarto, percebi que estava trancada, ah! Menina arteira, não poderia fugir de mim com tanta facilidade. Com alguns movimentos fiz que a porta se destrancasse e entrei no quarto: Ela estava em uma poltrona sentada, encolhida na posição fetal.

_Bonne Nuit, ma chèrie.

Disse, me colocando ao lado dela. Ela estava com medo e sentia até asco de mim, ou de qualquer contato que viéssemos ter.

_Vamos sair hoje à noite.

Ela me olhou como se fosse pular no meu pescoço e enfiar uma estaca em meu peito (besteira). Fui até o armário do quarto, e tirei um vestido que há muito estava lá, guardado. Era um vestido branco de cetim colado ao corpo com duas festinhas trançando seu abdômen da cor azul bebê. Joguei encima da cama, e disse que ela teria que se arrumar, caso eu voltasse ela estivesse ainda do jeito que estava, seria pior. Esperei alguns minutos do lado de fora, encostado na parede corredor, até que entrei no quarto, ela terminara de passar a última maquiagem no rosto. Aproximei-me dela e sorri.

- Você é tão bonita, Anjo.
- Quando estiver morta não serei mais.
- E quem disse? Quando morrer, será a perfeição.


Segurei-a pelo braço, e a levei para fora, disse que caso ela tentasse fugir estaria em uma grande enrascada. Fomos andando por Paris, até que estávamos perto da grande Torre Eifell, segurei sua mão, ela estava com medo do que eu pudesse fazer. Segurei seu rosto com as mãos, e dei um beijo na testa. Em vez de ela sorrir, ela pensava que eu estava cheirando a perfume barato de prostituta. Ela estava começando a me irritar, devo confessar. Como alguém podia ser tão imatura aquele ponto? Estava quase desistindo dela. Suspirei, e continuei a andar, estava começando a garoar. Segurei-a forte, em determinado momento, e a beijei no pescoço que nem fizera com a meretriz momentos antes. Ela, Danielle, só queria voltar para casa, da onde foi tirada quando ainda menina, queria voltar a sorrir, queria voltar a ser ingênua, a vida havia lhe tirado tudo, todos os sonhos, alegrias. Ela queria ter ido para casa apenas, esperava todos os dias aquele que a levasse para lá, não aqueles que prometiam e logo ia embora, ela chorará na sua morte, sim... A dor. Angelique nunca sofrera nenhuma dificuldade e nada do tipo. Ah, eu a traria para a escuridão e a ensinaria e depois seria livre.

_Está na hora.

Fomos para um local aonde não havia uma alma viva vagando, ela estava com medo e se debatia para se soltar. Segurei-a com mais força ainda, quase quebrando vários ossos de seu delicado corpo. Drenei todo seu sangue de uma vez só, não deixava nem que gritasse. Logo, ela estava caída em meus braços, cortei meu pulso e dei para que bebesse o mais rápido que pudesse, eu quase a perdi, era inexperiente em criação de outros imortais na época. Não sabia ao certo o exato porquê eu a criara, talvez fosse por vaidade, talvez por curiosidade.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Angelique du Coudray (Parte 1-C)


A Boneca de Porcelana

Caem das mãos com a singeleza do branco. Como se fossem cacos de porcelana e não palavras à espera de serem coladas. Quando alguma se perde no tempo, dá logo a mão ao brinquedo mais próximo e sussurra: "Não tenhas medo, juntos seremos para sempre crianças".



Acordei à tarde não sei ao certo que horas eram. Minha cabeça estava doendo, não vestia mais meu vestido, estava com uma camisola de seda branco fusca. O quarto era pequeno e estreito, a cama era comprida e dura, tinha uma grande colcha azul turquesa.
Quem era ele? Por que ele me raptara? O que aconteceu? Ah, como minha cabeça doía, eu estava deitada ainda na cama com os olhos abertos, que também doíam, será que ele drogou? Não, não pode ser possível, ele não me deu nada para beber. Isso me incomodará muito.
De repente duas meninas, loiras, olhos azuis, com rosto de criança entraram no quarto, estavam caladas, e olhavam para mim, uma com desprezo, e outra com doçura, a que me olhava com amargura veio a mim e disse que precisava tomar banho, e ela o iria me dar, senti um medo, mais me deixei levar. Enquanto a outra menina, começou a arrumar a cama.
Fomos por longo corredor, suas paredes eram cobertas por armas de guerra medievais, espadas, facões, Raphaël era obcecado por guerras, só podia ser isso. Não entendia por que.

- Nunca vi o Senhor trazer ninguém aqui – falou ela amargamente.
- Creio eu ser a primeira então.- Respondi.
- Foi isso que disse, caso não tenha entendido.


Parei, e a encarei, e sem pensar, virei um tapa em sua face, que fico vermelha de imediato. Como era ousada essa menina, podia ser linda, mais não tinha esse direito.
Então ficamos ambas em silêncio, ela entendeu que ali eu era superior a ela.
Seguimos ate o final do corredor, que levava a uma porta escura e grande de carvalho. Sem duvida, era monstruoso o tamanho daquela porta, não apenas daquela, mais sim de todas da casa. Entramos por ela, em um banheiro, era imensamente grande, havia venezianas abertas, estava fresco lá dentro, no meio desse banheiro, uma banheira, com varias pétalas de rosas vermelhas sobre as águas, lá dentro estava cheirando a mel, rosas... É claro e menta. Uma mistura interessante, mas muito agradável.
A menina amarga, que mais tarde descobri que se chamava Monique, tirou minhas roupas bruscamente e mandou-me entrar na banheira, foi o que fiz, a água estava quente, fervente para ser mais exata, ela me acariciou cuidadosamente, apesar de seu comportamento passado, e despejou mel em mim, continuou a me esfregar com ele, minha pele, ficou muito sedosa, e cheirosa, a água aromatizada deixou uma combinação de aromas que não havia visto, ou cheirado, era melhor que qualquer perfume. Depois de uma meia hora, sai da banheira, e me deparei com uma janela, estava escuro já, Monique saiu imediatamente do bainheiro, e me deixou lá, sozinha, pelo menos era o que eu havia pensado. Sentei-me no divã que havia lá, e comecei a me secar, então virei minha cabeça delicadamente para ver minhas costas, e me deparei com Raphaël. Dei um salto de medo, e ele logo disse rindo:

- Se acalme, honig..
- Calma??
- disse eu histérica -.
Pervertido, eu estou nua, sai já daqui!
- Mas porquê? Você fica tão bem nua.


Eu apenas me levantei, olhei para ele, e dei um tapa em sua face. Minha mão estava começando a doer com tantos tapas. Ele não fez nada, só soltou uma gargalhada imensa em minha direção.
Não pareceu sentir dor, e nem ficara irritado. Ele de deu passou a frente, e apertou meu ombro. Ele estava me machucando, doía, doía muito. Sem que perceber se ele saltou para frente, e segurou meus braços, agarrou meu pescoço, com a sua língua gelada, lambeu-o delicadamente, e então, fincou suas pressas nele, e foi o suficiente para que eu ficasse desacordada. Só sei que naquele momento eu apaguei. Eu acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça. Estava no mesmo quarto no qual eu havia acordado no dia passado, as janelas estavam abertas, estava muito calor, não consegui ficar de baixo da colcha, levantei-me e fui direto ao espelho que tinha no frente da cama, tirei meu cabelo da frente do pescoço e prendi-o, olhei bem para onde o Raphaël havia fincado suas presas, estava sem marca alguma, ele era um bebedor de sangue? Bem, era o que parecia. Um vampiro... Mas, eles não existem.... O que ele queria comigo? Uma presa? Uma boneca? Era uma desventura: viver para sempre.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Angelique du Coudray ( Parte 2-B)

Angelique era uma menina linda, sem dúvidas. Mas era extremamente arrogante e negligente. Uma coisa que nunca evoluiu desde aqueles tempos é esta: “Todo jovem acha que a sua vida é o primeiro capítulo da existência da humanidade”. Angelique acreditava fielmente nisso, que nada no mundo tinha importância e apenas ela poderia mudá-lo. Era muito convencida de si mesmo, mas, tinha certeza que poderia mudá-la. Angelique era linda e inteligente o suficiente para entender a lição que eu queria dar-lhe. Ela estava eufórica e com medo de mim, era de se esperar. Não sou tão normal quanto os seres que a rodeavam. Bem, sou um bebedor de sangue. Vivo da vida dos que ela ama: os mortais. O que ela queria? Ela sentia medo de mim, podia farejar isso. Podia farejar seu sangue, seu perfume...
Angelique era diferente de Demétria e Wone, completamente. Não sabia quase nada sobre a vida, e tinha medo de conhecê-la.
Olhava para ela sem medo, normalmente todos baixavam as cabeças para ela. E ela estava errada se achava que isso iria acontecer novamente, não era como aqueles que não conseguiam ler seus olhos ou seus pensamentos.
Exigiria obediência dela, respeito. Seria seu Senhor realmente. Queria uma cria, uma das minhas maiores frustrações agora olhando, é que nunca pude ter um filho. Acredito que isso é uma dor para todo homem, não ter filhos. Poderia ter me casado com Wone, e teríamos lindas crianças loiras que correriam pelas ruas.
Pensando agora, o que teria acontecido com ela naquela época? Ainda era uma freira pervertida? Não faço idéia, nunca voltei a me lembrar dela. Estava entretido demais com Angelique para se quer me lembrar dela. Talvez ela tivesse morrido naquele ataque russo, quem sabe, não seria seu sonho? Morrer em pleno gozo.
Sei que minhas palavras parecem de rancor, e são... Wone foi uma ferida difícil de cicatrizar, seu medo de ficar comigo. Bem, agora mostra como ambas as nossas vidas foram desgraçadas. Ela de qualquer modo está morta agora, e eu... Eu também.
Angelique parecia mais fragilizada a cada palavra que pronunciávamos naquela impecável biblioteca. Tinha começado a ter medo do que eu podia fazer com ela, era um fato.
Lá fora a noite começara a trovoar, e caiam gotas bem pesadas pelo telhado da casa. Seria um final de noite interessante, quem sabe.
Quando pronunciei minha última frase a ela, fiz que apagasse.
Levei para os aposentos onde ficaria até que eu voltasse na noite seguinte, estava quase amanhecendo. E se não fosse embora agora, não iria mais. E simplesmente não queira passar o dia pela casa adormecido.
Então, a deixei naquele quarto escuro e vazio.
Antes de sair, dei ordens para que quando acordasse se lavasse, comesse e esperasse até que eu chegar. Podia conhecer a casa e seus jardins. Mas não poderia deixá-la de modo algum. Estava certificado disso, aquela casa poderia ser uma fortaleza caso quisesse. Então, dormi em um cemitério, qual ficava perto de minha casa.

Angelique du Coudray ( Parte 1-B)




- Não se lembra quem eu sou, não é mesmo?

A voz desse homem me soou tão estranha a partir do momento que entramos nessa biblioteca, me irritava o tom que ele falava e modo que ele agia, sempre silencioso. Ele andava de modo gracioso e parecia levitar a cada passo, seu sorriso era sempre malicioso, ele parecia ser tão... Vazio e ao mesmo tempo cheio de mistérios.

- Angelique? Lembra-se de mim?
- Não, acho que nem deveria. Minha memória é boa, Ra...Raphaël.
- Me chame de Senhor, Angelique. Sou bem mais velho que você.
- Não aparece tão mais velho, senhor
– minha voz soou com um tom de sarcasmo.

Ele me encarou, então, sorrio novamente. Observava cada movimento seu, era rápido demais todos. A biblioteca onde estávamos tinha as paredes todas lotadas de prateleiras com coleções de livros e objetos de que ao meu ver pareciam de alto valor. Pelo chão, vários tapetes persas e sobre eles cadeiras no estilo Luís XIV. Então, caminhei até uma e me sentei naquele estofado deliciosamente macio.

- Angelique – ele abafou uma risada e arqueio a sobrancelha. –,
não se lembra mesmo de mim?

Olhei para ele, estava começando a ficar irritada, por que diabos ele não entendia que eu não me lembrava dele?

- Não, Raphaël.

Quando pronunciei seu nome, sinto uma mão no meu pescoço apertando-o com pressão, quase não conseguia respirar.

-
Senhor, Angelique. Quando querem aprender da maneira mais difícil comigo, sempre sofrem.

Como ele conseguiu ficar atrás de mim com tanta rapidez, há segundos ele estava na minha frente apoiado nas prateleiras, como?

- Si...Si...Sim... – eu garfei seus dedos com minhas unhas até que sangrassem para que largasse do meu pescoço, mas ele apenas ria. – Senhor...

Ela me largou e deu uma sonora gargalhada metálica, ele me dava medo. Fiquei a olhar assustada para suas mãos enquanto o sangramento parou de expelir sangue.

-
Que tipo de monstro é você? O que quer comigo? Porque deveria me lembrar de você?
- Sim, sou um monstro... Mas, ao mesmo tempo, sou seu anjo, Angelique, não queria sair daquela casa? Então, sou seu anjo da morte, por assim dizer
– ele rio. -.
Vou responder sua última pergunta. Você pediu para se casar comigo quando era mais nova, não se lembra? Tinha apenas oito anos de idade, era uma menina linda.

Ele pareceu refletir sobre isso, estava me dando medo... Porque eu não me lembrava? Porque?

- Então, eu voltei para transformá-la em minha dama.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Angelique du Coudray (parte 2)

Agora, retrato a visão do Raphaël da situação. Será assim esse capitulo, primeiro Angelique, depois Raphaël.

Quando finalmente deixei Berlim, rumei para Paris. A França apesar de destruída, estava alegre comemorando a vitória. A cidade em si não fora destruída como o resto do país, hoje em dia alguns historiadores chamam isso de uma vaidade de Hitler, e talvez fosse mesmo. Não importava, lá seria meu novo lar.
Gostaria que entendessem uma coisa, não nutro raiva por franceses ou por russos muito menos americanos – apesar de não gostar muito do tipo arrogantes -, não vejo diferenças entre povos ou nações, e caso visse seria que nem os nazistas, não seria? O que os americanos fazem hoje impondo sua superioridade? É engraçado pensar isso, eles fazem o mesmo de forma indireta, acho ridículo eles recriminarem Hitler e os alemães por terem tido coragem de defender o que acreditavam, ao contrário deles que ficam por baixo dos panos. Eles usaram cidades como cobaia para bombas, isso é saudável? Não estou falando que estávamos certo, porque realmente eu não acredito nisso. Nada vale uma vida. Mas também me irrita o que esse país de merda fez, e como golpe acabou fazendo Jerusalém. Bem, não estou aqui para discutir história de guerra, ou criticar o Tio Sam. Como ia dizendo, uma nacionalidade, cidadania não faz o homem. Ele trilha seu caminho por si mesmo. Tenho raiva dos soldados daquele batalhão que matou minha família, isso sim. Mas como ter ódio de uma criança que nem estava viva quando todo aquele martírio aconteceu? Ou um homem que viveu há 200 anos atrás? Não tem lógica, não é?
Quando me destinei a ir para Paris, não tinha noção do que esperar, estava desiludido com o mundo dos homens. Comprei uma grande propriedade no centro da cidade, os vampiros têm um poder de persuasão incrível, consegui comprar essa mansão em pleno centro por quase nada. Devo confessar que usei muitas e muitas vezes esse dom que ganhei.
A minha vida nas primeiras noites foram bem agitadas, de fato. Em pouco tempo fazia parte da sociedade, e ninguém me odiava por ser alemão, o que era um bom começo. Mas não gosto de mentiras, mas naqueles tempos era necessário. Meu pai havia me enviado para estudar em lugar bem distante, e quando voltei minha família havia sido morta, e essa era a minha história. Ninguém podia condenar um estudante, podia?
Então, quando uma família bem influente na cidade acabou por me convidar para uma festa, e eu aceitei.
A festa tinha todos do socialite... Empresários novos, velhos. Grandes famílias, nobres. As mocinhas que andavam para cá e para lá me rodeado, observavam meus gestos, meu corpo, meu rosto. O que realmente estava começando a me irritar... Nunca gostei de muitas pessoas encima de mim. Eram realmente meninas lindas, até que me sentei para conversar com uma...
Conversamos sobre banalidades, e de como ela esperava se casar e ter filhos um dia. Era uma menina bem novinha, devia ter oito anos, acho. Era loira e tinha um sorriso encantador, as mãos eram pequeninhas e tentaram segurar as minhas. Ela me olhou com aqueles olhos imensos e pediu que quando ela crescesse para que eu me casasse com ela. Sorri, e disse que quando ela crescesse, eu voltaria. Bem, e eu não estava mentido.
Uns anos mais para frente, acabei reencontrando-a em uma festa, estava sozinha na frente da fonte do salão, remoendo dentro de si como era diferente de suas irmãs e como se sentia mal por isso, apesar de não admitir. Era orgulhosa demais para isso. Nem percebeu minha aproximação, estava tão presa em seus sentimentos sombrios que acabou ficando distraída.
- Meu nome é Raphaël, reparei em você sozinha aqui. Você está bem, honig?
Talvez ela fosse me fuzilar a qualquer momento, era muito amargurada. Ela tinha uma mente muito aberta, era fácil de ler.
- Você acha mesmo meu olhar sedutor? Sua face demonstrava medo e logo voltou a ficar séria.- Como sabe que acho seu olhar sedutor?-
Eu? Eu leio pensamentos minha querida – Apenas sorria para ela – Estou brincando, a maioria das pessoas acham isso, apenas concluí que você também pensasse assim.
- Me ofendi ouvir que o senhor me acha como a maioria das pessoas, mas se o senhor me acha como a “maioria das pessoas” vá conversa com as pessoas lá dentro, as quais vivem de aparência, talvez não tenho cérebro o suficiente para perceber a profundidade de suas palavras, meu caro. Deixei-me em paz com meus temores e meus pensamentos melancólicos.
Ela era muito... Estou tentando procurar a palavra certa ainda, rabugenta. Era uma pessoa difícil para conversar, e de fato, ninguém gostava de chegar perto dela.
- Desculpe se a ofendi, honig, não era minha intenção – esperei alguns segundos -, mais por que tem temores e pensamentos melancólicos?
- Isso não vêem ao caso, creio eu, que o senhor não está aqui para isso, não é? O que deseja?
- A festa está relativamente cansativa – um sorriso travesso surgiu em minha face -; estava atrás de uma companhia mais interessante, além de tudo aquelas mulheres vulgares estavam me irritando – apontei para cinco mulheres que estavam na porta nos fitando com curiosidade – A senhorita as conhece?
E é claro que conhecia, e também as odiava.
- Infelizmente – respondeu -, são minhas primas e minhas irmãs.
- Desculpe, não quis ofender - lhe.
- Não ofendeu, também não as suporto. Tenho asco por cada uma. Quando estou com elas, é como se me sentisse sozinha, ninguém está lá, são apenas corpos.
- É claro. – concordei não querendo persistir nesse assunto.
Agora ela divagava, e pensava sobre a família dela. De como se sentia superior a todas aquelas meninas na porta.
- O que lhe disseram? ‘Que o senhor é belo, e tem um belo porte?’
- Isso, e perguntaram de que família eu vinha, mais acho que isso não vem ao caso.... Importa-se se eu as provocar?
Ela não entendeu do que eu falava, até que poucos segundos depois eu a beijei como ela nunca havia sonhado. Ela não se lembrava de quem eu era, e qual fora o seu pedido há 6 anos atrás, mas logo a faria se lembrar.
Então decidi sair daquela festa, estava me deixando constrangido tantas pessoas me olharem, nunca gostei desse assédio todo. Rumamos para minha casa, ela ficara encantada com tudo nela. Era de se esperar, a casa era magnífica mesmo...

É um prazer, Desconhecido.

Não irei falar quem eu sou tão rapidamente, e acredito que talvez só quando
eu terminar a obra de Raphaël, possivelmente eu me apresente, mas ainda não é
algo certo.

Raphaël é um personagem originalmente criado por mim mesmo há
uns anos atrás, foi uma história que eu comecei a escrever como hob, mas devo
confessar que me apaixonei por ela de modo inesperado.

Espero que gostem de minha história.

30/07/07

Raphaël Vigèe-Lebrun;

Ertränkt