segunda-feira, 30 de julho de 2007

Angelique du Coudray (Parte 1-C)


A Boneca de Porcelana

Caem das mãos com a singeleza do branco. Como se fossem cacos de porcelana e não palavras à espera de serem coladas. Quando alguma se perde no tempo, dá logo a mão ao brinquedo mais próximo e sussurra: "Não tenhas medo, juntos seremos para sempre crianças".



Acordei à tarde não sei ao certo que horas eram. Minha cabeça estava doendo, não vestia mais meu vestido, estava com uma camisola de seda branco fusca. O quarto era pequeno e estreito, a cama era comprida e dura, tinha uma grande colcha azul turquesa.
Quem era ele? Por que ele me raptara? O que aconteceu? Ah, como minha cabeça doía, eu estava deitada ainda na cama com os olhos abertos, que também doíam, será que ele drogou? Não, não pode ser possível, ele não me deu nada para beber. Isso me incomodará muito.
De repente duas meninas, loiras, olhos azuis, com rosto de criança entraram no quarto, estavam caladas, e olhavam para mim, uma com desprezo, e outra com doçura, a que me olhava com amargura veio a mim e disse que precisava tomar banho, e ela o iria me dar, senti um medo, mais me deixei levar. Enquanto a outra menina, começou a arrumar a cama.
Fomos por longo corredor, suas paredes eram cobertas por armas de guerra medievais, espadas, facões, Raphaël era obcecado por guerras, só podia ser isso. Não entendia por que.

- Nunca vi o Senhor trazer ninguém aqui – falou ela amargamente.
- Creio eu ser a primeira então.- Respondi.
- Foi isso que disse, caso não tenha entendido.


Parei, e a encarei, e sem pensar, virei um tapa em sua face, que fico vermelha de imediato. Como era ousada essa menina, podia ser linda, mais não tinha esse direito.
Então ficamos ambas em silêncio, ela entendeu que ali eu era superior a ela.
Seguimos ate o final do corredor, que levava a uma porta escura e grande de carvalho. Sem duvida, era monstruoso o tamanho daquela porta, não apenas daquela, mais sim de todas da casa. Entramos por ela, em um banheiro, era imensamente grande, havia venezianas abertas, estava fresco lá dentro, no meio desse banheiro, uma banheira, com varias pétalas de rosas vermelhas sobre as águas, lá dentro estava cheirando a mel, rosas... É claro e menta. Uma mistura interessante, mas muito agradável.
A menina amarga, que mais tarde descobri que se chamava Monique, tirou minhas roupas bruscamente e mandou-me entrar na banheira, foi o que fiz, a água estava quente, fervente para ser mais exata, ela me acariciou cuidadosamente, apesar de seu comportamento passado, e despejou mel em mim, continuou a me esfregar com ele, minha pele, ficou muito sedosa, e cheirosa, a água aromatizada deixou uma combinação de aromas que não havia visto, ou cheirado, era melhor que qualquer perfume. Depois de uma meia hora, sai da banheira, e me deparei com uma janela, estava escuro já, Monique saiu imediatamente do bainheiro, e me deixou lá, sozinha, pelo menos era o que eu havia pensado. Sentei-me no divã que havia lá, e comecei a me secar, então virei minha cabeça delicadamente para ver minhas costas, e me deparei com Raphaël. Dei um salto de medo, e ele logo disse rindo:

- Se acalme, honig..
- Calma??
- disse eu histérica -.
Pervertido, eu estou nua, sai já daqui!
- Mas porquê? Você fica tão bem nua.


Eu apenas me levantei, olhei para ele, e dei um tapa em sua face. Minha mão estava começando a doer com tantos tapas. Ele não fez nada, só soltou uma gargalhada imensa em minha direção.
Não pareceu sentir dor, e nem ficara irritado. Ele de deu passou a frente, e apertou meu ombro. Ele estava me machucando, doía, doía muito. Sem que perceber se ele saltou para frente, e segurou meus braços, agarrou meu pescoço, com a sua língua gelada, lambeu-o delicadamente, e então, fincou suas pressas nele, e foi o suficiente para que eu ficasse desacordada. Só sei que naquele momento eu apaguei. Eu acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça. Estava no mesmo quarto no qual eu havia acordado no dia passado, as janelas estavam abertas, estava muito calor, não consegui ficar de baixo da colcha, levantei-me e fui direto ao espelho que tinha no frente da cama, tirei meu cabelo da frente do pescoço e prendi-o, olhei bem para onde o Raphaël havia fincado suas presas, estava sem marca alguma, ele era um bebedor de sangue? Bem, era o que parecia. Um vampiro... Mas, eles não existem.... O que ele queria comigo? Uma presa? Uma boneca? Era uma desventura: viver para sempre.

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É um prazer, Desconhecido.

Não irei falar quem eu sou tão rapidamente, e acredito que talvez só quando
eu terminar a obra de Raphaël, possivelmente eu me apresente, mas ainda não é
algo certo.

Raphaël é um personagem originalmente criado por mim mesmo há
uns anos atrás, foi uma história que eu comecei a escrever como hob, mas devo
confessar que me apaixonei por ela de modo inesperado.

Espero que gostem de minha história.

30/07/07

Raphaël Vigèe-Lebrun;

Ertränkt