sábado, 7 de julho de 2007

A Transformação.



1938: é nesse ano no qual eu me encontro.

Wone havia trazido muitos problemas, e seu pai queria deserdar-la. Chegou a vir bater na porta de casa obrigando-me a me casar com sua linda filha desonrada. Como éramos ambos maior de idade, ela era completamente responsável por seus atos... Não devo falar que isso o deixou completamente irado em sua raiva. Wone foi enviada a um convento, aonde realmente se perverteu, saia escondida a noite para fazer o que uma freira normalmente não faria.
Cheguei a vê-la algumas vezes pelas ruas, mas, ela nunca me viu – ou nunca quis ver, não sei. Eu gostava dela, mas com o tempo ela se tornou enjoativa e fresca, e isso não me agradava.

A Grande Segunda Guerra estava chegando, todos sabiam. Os jantares na minha casa estavam se tornando silenciosos e desagradáveis para todos. Minhas irmãs eram novas demais para entender o que estava acontecendo, e meus pais perdiam a paciência muito fácil quando elas perguntavam o que estava acontecendo. Meus pais estavam em crise, porque tinham adquirido o trauma da Primeira Grande Guerra. Tinham medo de tudo voltar novamente, verem que eles amam indo embora, isso era o que mais os deixava aflitos. Bem, eles passaram por maus bocados antigamente, era compreensível. Mas como sempre, preferiam não ter uma opinião ativa com tudo isso; acredito que tinham mais medo do que tudo. O que levou-nos, também, a não ter um caráter nazi-fascista tão forte como a maioria dos alemães do nosso país.
Tudo aconteceu extremamente rápido. E bem, não quero dar uma aula de história, porque realmente não é minha intenção. Alguns anos se passaram, e eu consegui fugir da obrigação de me alistar, tanto porque meu pai não permitiria e eu também não queria, sou um ser extremamente pacifico e abomino guerras ou qualquer outra coisa do tipo.

Então, em 1942, perto de Maio, fui forçado a ir. Logo ocorreria uma batalha... Stalingrado. Bem, como alguns devem saber, ela ocorreu em 28 de junho – lembro-me muito bem dessa data -, isso quer dizer, mais ou menos um mês de preparo para ir aos campos de batalha. Bem, eu sendo jeito que sou, desastrado ao extremo mal conseguia segurar em uma arma, quem dirá apontar e atirar. Alguns soldados eram ótimos guerreiros, outros eram como eu. Meus companheiros eram todos a favor da idéia do Nazismo e defendiam com unhas e dentes o seu adorado líder Hitler. Normalmente eu apenas ouvia durante as reeleições onde eles discutiam sobre as conquistas da Alemanha, e só tomava voz quando o assunto era qualquer outra coisa. Eu tentava fugir dos treinamentos para ficar dormindo no compartimento, e normalmente não conseguia. Esperava ansioso para que tudo aquilo terminasse, e eu pudesse voltar para casa logo. Eu realmente achava que eles vissem tão ruim guerreiro eu era, e me mandassem embora. Estava errado.

Quando o grande dia foi chegando, mas eu ficava calado e entrava em um pânico interno terrivelmente assustador. Era inverno, o nosso exercito não estava preparado para o frio tão rigoroso que fazia. Caminhávamos pelas ruas até nos darmos conta que havia milhares de soldados russos nos aguardando. A cidade parecia deserta, só ouvia os nossos passos pesados ao tocar o chão. Quando vimos todos os soltados russos começando um ataque forte contra nós, no primeiro golpe já fui ao chão. O tiro no estômago foi exato e eu tinha certeza que morreria em poucas horas. O batalhão foi agüentado firme até que não tive mais visão dele por aquela rua. Vários companheiros já estavam mortos no chão juntamente com os russos. Ratos nos rodeavam e comiam as vestimentas de alguns soldados sentindo o cheiro de sangue fresco. Não conseguia me mexer de tanta dor quando ouvi alguns passos misturados com os tiros que se ouvia de longe. Não me lembro mais nada além de ter apagado na hora.


***

Quando dei por mim, estava deitado em um lugar estranho e desconhecido. Não sabia aonde era e como havia chegado ali. Era um celeiro muito velho, apesar de ter achado que era um moinho. Talvez estivesse na Holanda, mas como havia chegado lá tão rápido? Era impossível. Estava deitado por uma palha antiga, muito seca e áspera. Observava tudo, mas sem me levantar... Estava curioso, mas não a esse ponto. Olhava para todos os lados, em busca de alguém, e tentei gritar, mas não conseguia. Percebi que ainda era dia, por que alguns filetes de luz passavam pelas madeiras, fazendo que partículas de poeira dançassem no ar. Soltava longos suspiros até perceber que minha barriga estava totalmente curada e a dor havia passado. Estava começando a ficar realmente assustado. Quando novamente ouvi os passos, lá fora já estava escuro e uma brisa fria envolvia meu corpo.

- Boa Noite, Raphaël.

Sua voz ecoou de uma forma sinistra o que me deixou completamente arrepiado. Eu tentava buscar donde saia àquela voz, mas não via nada além de escuridão. Então o vi parado bem a minha frente. Estava totalmente trajado de preto, pelo pouco que pude identificar. Agachou-se e olhou bem na minha face, então deu uma tapinha de leve nela.

- Sabe o que eu sou, criança?

Olhei-o assustado de novo. Sem saber o que dizer.

- Será igual a mim, a partir... – olhou no seu relógio de pulso -, agora.

Ele me segurou e ergue-me para cima dele, então consegui ver sua face com mais facilidade. Tinha traços egípcios, que vim a identificar mais tarde. Ele tinha um olhar penetrante e macabro. Ele mordeu meu pescoço, logo me jogando no chão e drenando meu sangue por completo. Vi meus braços murchos e os ossos dos dedos apenas encapados com a pele. Estava preste a morrer, quando ele rasgou o próprio pulso e colocou sobre a minha boca para que eu bebesse o sangue viscoso que saia dele. Relutei nos primeiros instantes, mas logo bebi... Bebi tudo que conseguia, até me embriagar. Ele puxou o braço com força, quando me dei conta que estava ardendo por dentro, minha carne se desprendia da pele trazendo a sensação de formigamento.

- Não se assuste, isso é completamente normal, Raphaël. Você irá morrer agora, será muito doloroso – deu uma risada -, mas daqui uns dias não sentirá mais dor. Você tem duas presas, as usara para morder e tirar sangue de suas vitimas, esse é seu alimento. Sim, viverá da vida dos outros humanos.

Ele me olhava com dó mais ao mesmo tempo com frieza.

- Será para sempre um bebedor de sangue como eu, criança. De dia ache um lugar para dormir, o sol pode lhe matar e o fogo também, fuja dele. Sei que gosta de desafios, Raphaël... Supere esse.

Ele se virou uma última vez e soltou uma gargalha, minha expressão era totalmente de dor. Quando ele finalmente foi embora me deixando lá, sozinho. Fiquei lembrando de suas palavras durante todos os dias da minha difícil transformação. Os cheiros me enjoavam, os fluidos saiam de meu corpo em abundância e me davam ânsias, vomitava tudo que estava no meu estômago, que eram apenas mais fluídos do meu corpo. Quando dei por mim, estava no sétimo dia de transformação.


***

Minha primeira caça foi engraçada olhando agora para trás, não tinha controle da minha força e acabei matando os seres humanos no quais me deleitava com uma rapidez incrível quebrando-lhes as vértebras. Era desajeitado ao extremo, e demorei um pouco para pegar uma certa prática. Patético, não?

Nenhum comentário:

É um prazer, Desconhecido.

Não irei falar quem eu sou tão rapidamente, e acredito que talvez só quando
eu terminar a obra de Raphaël, possivelmente eu me apresente, mas ainda não é
algo certo.

Raphaël é um personagem originalmente criado por mim mesmo há
uns anos atrás, foi uma história que eu comecei a escrever como hob, mas devo
confessar que me apaixonei por ela de modo inesperado.

Espero que gostem de minha história.

30/07/07

Raphaël Vigèe-Lebrun;

Ertränkt