domingo, 5 de agosto de 2007

A Dança dos Corpos Eternos.

Estava na hora da transformação. Angelique a esse ponto já deveria saber o que eu era e o que eu queria. Podia dizer que mil pensamentos passavam por minha cabeça agora. A noite mal havia começado e eu já pensava no que faria ou como faria. Andava pelas largas ruas da Cidade Luz, procurando uma caça. Queria estar bem alimentado para quando fosse trazer Angelique para escuridão.

A cidade estava úmida, quase gelada. Não me lembro exatamente em qual época do ano estávamos. Uma melodia me levava enquanto eu andava pelas ruas, a procura de minha vítima: Uma Prostituta. Caminhava em direção a um grande prostíbulo da cidadã, onde geralmente servia grandes políticos e homens importantes da sociedade. Ao entrar, fui recebido por duas gêmeas muito bonitas, mas não seria minhas vítimas essa noite. Elas retiraram meu sobretudo com cuidado uma de cada lado, e abafaram risinhos. Acariciei o rosto de uma e segui em frente para visualizar quem seriam minha dama da noite. Desde que fora transformado só matava mulheres, não me agradava muito à sensação de estar abraçado a um homem em plena rua sendo ela escura ou não.

Ao subir no segundo andar, lá estava ela: A mais cara do prostíbulo inteiro. Danielle, esse era o seu nome. Arquei a sobracelha antes de me aproximar e dei uma olhada em volta. Ela estava deitada em um divã datado do século XVII, com almofadas vermelhas e fofas, seu corpo quase se afundava por causa da maciez excessiva do almofadado. Caminhei até ela jogando as madeixas louras que caíam sobre meus olhos para atrás, e abri-lhe um sorriso cortês. Com o meu aproximar, ela se sentou e fixou o olhar bem nos meus olhos. Tomei sua mão, e a beijei com cuidado nas costas. Então, em silêncio ela me levou até seu quarto. Ela sorria maliciosamente, e em seus pensamentos várias cenas fortes predominavam. Caminhávamos devagar, ela com seu andar sensual na frente sobre os saltos altíssimos. Quando passamos pela porta dupla de seu quarto, ela me fez sentar sobre a cama. Ela logou se jogo por cima de mim, então com um movimento rápido fiz com que ela ficasse por baixo. Retirando as madeixas com cuidado de seu pescoço, enquanto ela estranhava minha súbita frieza.

- Estava sem casaco lá fora, monsieur?

Não respondi, apenas fixei o olhar em um ponto especial de seu pescoço e com calma mordi com certa brutalidade. Abafei seu berro com uma das mãos, e continuei a tomar todo seu sangue, sugando o mais rápido que podia, já tinha perdido demais meu tempo com ela. Antes de chegar na última gota, quebrei seu pescoço. Retirei-me do quarto arrumando a gravata e jogando algumas notas por cima da cama.

- Obrigado por seus serviços.


Sai do bordel, e fui para minha casa, Angelique já deveria ter acordado a aquela altura. Quando cheguei na casa, abri as portas com apenas um empurrão e subi para o seu quarto com certa rapidez que apenas um vampiro poderia ter. Ao chegar na porta de seu quarto, percebi que estava trancada, ah! Menina arteira, não poderia fugir de mim com tanta facilidade. Com alguns movimentos fiz que a porta se destrancasse e entrei no quarto: Ela estava em uma poltrona sentada, encolhida na posição fetal.

_Bonne Nuit, ma chèrie.

Disse, me colocando ao lado dela. Ela estava com medo e sentia até asco de mim, ou de qualquer contato que viéssemos ter.

_Vamos sair hoje à noite.

Ela me olhou como se fosse pular no meu pescoço e enfiar uma estaca em meu peito (besteira). Fui até o armário do quarto, e tirei um vestido que há muito estava lá, guardado. Era um vestido branco de cetim colado ao corpo com duas festinhas trançando seu abdômen da cor azul bebê. Joguei encima da cama, e disse que ela teria que se arrumar, caso eu voltasse ela estivesse ainda do jeito que estava, seria pior. Esperei alguns minutos do lado de fora, encostado na parede corredor, até que entrei no quarto, ela terminara de passar a última maquiagem no rosto. Aproximei-me dela e sorri.

- Você é tão bonita, Anjo.
- Quando estiver morta não serei mais.
- E quem disse? Quando morrer, será a perfeição.


Segurei-a pelo braço, e a levei para fora, disse que caso ela tentasse fugir estaria em uma grande enrascada. Fomos andando por Paris, até que estávamos perto da grande Torre Eifell, segurei sua mão, ela estava com medo do que eu pudesse fazer. Segurei seu rosto com as mãos, e dei um beijo na testa. Em vez de ela sorrir, ela pensava que eu estava cheirando a perfume barato de prostituta. Ela estava começando a me irritar, devo confessar. Como alguém podia ser tão imatura aquele ponto? Estava quase desistindo dela. Suspirei, e continuei a andar, estava começando a garoar. Segurei-a forte, em determinado momento, e a beijei no pescoço que nem fizera com a meretriz momentos antes. Ela, Danielle, só queria voltar para casa, da onde foi tirada quando ainda menina, queria voltar a sorrir, queria voltar a ser ingênua, a vida havia lhe tirado tudo, todos os sonhos, alegrias. Ela queria ter ido para casa apenas, esperava todos os dias aquele que a levasse para lá, não aqueles que prometiam e logo ia embora, ela chorará na sua morte, sim... A dor. Angelique nunca sofrera nenhuma dificuldade e nada do tipo. Ah, eu a traria para a escuridão e a ensinaria e depois seria livre.

_Está na hora.

Fomos para um local aonde não havia uma alma viva vagando, ela estava com medo e se debatia para se soltar. Segurei-a com mais força ainda, quase quebrando vários ossos de seu delicado corpo. Drenei todo seu sangue de uma vez só, não deixava nem que gritasse. Logo, ela estava caída em meus braços, cortei meu pulso e dei para que bebesse o mais rápido que pudesse, eu quase a perdi, era inexperiente em criação de outros imortais na época. Não sabia ao certo o exato porquê eu a criara, talvez fosse por vaidade, talvez por curiosidade.

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É um prazer, Desconhecido.

Não irei falar quem eu sou tão rapidamente, e acredito que talvez só quando
eu terminar a obra de Raphaël, possivelmente eu me apresente, mas ainda não é
algo certo.

Raphaël é um personagem originalmente criado por mim mesmo há
uns anos atrás, foi uma história que eu comecei a escrever como hob, mas devo
confessar que me apaixonei por ela de modo inesperado.

Espero que gostem de minha história.

30/07/07

Raphaël Vigèe-Lebrun;

Ertränkt